A deputada do PS e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas reagiu com indignação, no Twitter, à cobertura feita pelo jornal Público às manifestações dos últimos dias contra e a favor do fim dos contratos de associação nas escolas privadas. Numa série de tweets sobre o tema, onde partilha a reportagem publicada naquele jornal este sábado a respeito da manifestação de defesa da escola pública, a ex-ministra acaba por questionar porque é que a jornalista autora do artigo “ainda não foi despedida por escrever factos falsos”.

Ao Observador, Canavilhas desdramatiza o pedido de demissão de uma jornalista e diz que usa a rede social de forma oficiosa, “informal” e “descontraída”. “Foi um desabafo, uma coisa que se diz inopinadamente”, diz, mantendo a crítica de que a cobertura noticiosa da manifestação foi “tendenciosa”.

Em causa estão os números. “Há uma discrepância de números inaceitável”, afirma ao Observador, referindo-se às 15 mil pessoas que a reportagem, citando fonte policial, diz terem estado presentes, contrariando os números da organização que apontavam para 80 mil. No mesmo dia, uma fonte policial também tinha afirmado à repórter do Observador que acompanhou a manifestação, que estavam “cerca de 20 mil” pessoas a descer a Avenida da Liberdade, um número substancialmente inferior ao avançado por Mário Nogueira.

Cerca de uma hora depois de partilhar a notícia e de sugerir a demissão da jornalista Clara Viana, a deputada socialista voltou ao tema na mesma rede social e continuou as críticas, dirigidas àquela jornalista em particular: “Reportagem e opinião não são a mesma coisa. Há espaço no Público para Clara Viana dar a sua opinião”, escreveu. Pouco depois, voltou ainda a partilhar um artigo publicado num blogue, intitulado “Manifestação pela escola pública: a estranha cobertura do Público”, onde o autor reforça a ideia defendida pela deputada.

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Para a deputada, “só quem não esteve lá pode dizer que estavam só 15 mil pessoas”. “A Avenida da Liberdade estava totalmente cheia, não passa pela cabeça de ninguém”, afirma ao Observador, lembrando que quando foi a manifestação em defesa dos colégios privados e da manutenção dos contratos de associação, no dia 29 de maio, o mesmo jornal usou apenas os números da organização para dizer que estiveram junto ao Parlamento cerca de 40 mil manifestantes.

Gabriela Canavilhas, contudo, desvaloriza ao Observador o comentário que fez na rede social, que é pública, defendendo que usa o Twitter como “espaço de expressão informal”. A atual deputada socialista afirma ainda que “alguém que tem o poder de fazer capas de jornais deve poder ser tão escrutinado como um político”.