À entrada da rua, na Manta Rota (Vila Real de Santo António), pelas 10:30, encontravam-se mais elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR) do que manifestantes da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI), que se juntaram para entoar gritos de protesto pela demissão do Governo recorrendo a um tambor e a canções como “Grândola, Vila Morena”.

“Cuidado com as carteiras, Pedro Passos Coelho está nessa ruela”, gritava repetidamente um dos manifestantes, seguindo-se uma intervenção do presidente da CUVI e membro do Bloco de Esquerda, João Vasconcelos, que afirmou que os protestos vão continuar, não importando se são os participantes são “muitos ou poucos”.

A assistir à concentração, Henrique Dias e Fernando Dores, de Vila Nova de Cacela e de Castro Marim, respetivamente, disseram à Lusa concordar com os motivos que levaram ao protesto.

“Claro, sou de cá, sou pagante, não concordo nem com as portagens nem com o Governo”, disse Henrique Dias, que reconheceu ter deixado de usar a Via do Infante (A22) para se deslocar depois da introdução das portagens.

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Já Boloete Mota, de Leiria e ex-emigrante na Alemanha que passa férias “há 30 anos” na Manta Rota, apesar de discordar do Governo, mostrou-se contra a manifestação: “Têm um ano inteiro para reclamarem, vêm para aqui meia dúzia de gatos-pingados. Deixem o homem passar as férias.”

Também Manuel Oliveira, residente do Porto a passar férias na Manta Rota desde 1978, discordou do protesto, dizendo que o grupo “devia ir manifestar-se para a porta do [ex-primeiro-ministro António] Guterres ou do [ex-ministro das Obras Públicas] João Cravinho”.

Na noite anterior, a CUVI voltou a protestar nas proximidades da casa de férias do Presidente da República, Cavaco Silva, em Albufeira, exigindo a abolição das portagens na A22 e denunciando o impacto da medida no Algarve.

A comitiva composta por sete carros e onze elementos da CUVI fez-se acompanhar de um espantalho num carrinho de bebé com uma máscara com a cara do Presidente da República.