A KPMG recusou assinar as contas semestrais do BES e incluiu nas contas consolidadas do primeiro semestre do banco um documento onde justifica a escusa de parecer com a resolução no banco, a incapacidade de determinar o impacto os problemas com o BES Angola e a falta de uma carta do Conselho de Administração do banco a garantir a informação prestada.

Vítor Bento e a sua administração também não assinaram as contas.

No documento que acompanha o relatório e contas consolidado do BES, divulgado ao início da madrugada desta segunda-feira, o auditor fez questão de incluir um documento onde detalha a sua escusa em assinar, e assim validar, as contas do BES nos primeiros seis meses do ano e explicar as razões pelas quais o faz.

Desde logo, a KPMG queixa-se que não conseguiu obter até ao fecho de contas uma carta de representações assinada pelo conselho de administração do BES.

Esta carta devia assumir a responsabilidade, pelo conselho de administração, da preparação da informação financeira do banco, que essa informação é verdadeira e apropriada quando reflete a posição financeira do banco e das empresas do grupo BES, que existe um sistema de controlo interno apropriado e que todos os factos relevantes estão comunicados.

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Além disto, esta carta devia também confirmar todas as informações que digam respeito às demonstrações financeiras, mas essa carta nunca chegou e o auditor do BES considera que isso limita de forma considerável o seu trabalho.

“A ausência de confirmação pelo conselho de administração do BES de informações relevantes com respeito às demonstrações financeiras referentes a 30 de junho de 2014, constitui uma significativa limitação de âmbito ao nosso trabalho”, diz a KPMG.

No mesmo relatório, é incluído um documento assinado por Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório – a nova Comissão Executiva do BES à data – onde explicam que também eles não assinam as contas do primeiro semestre, por só terem entrado após o final do semestre, recusando também eles assumirem a responsabilidade por estes resultados.

Para além disto, acrescem ainda a falta de conhecimento nas contas do impacto no BES da resolução do banco, a constituição do Novo Banco e a incerteza em torno dos ativos que ficariam em cada uma das instituições.

A KPMG lembra ainda que à data ainda não conseguia também “quantificar os efeitos das medidas extraordinárias de saneamento do Banco Espírito Santo Angola”, cuja situação foi descrita apenas depois da aprovação das demonstrações financeiras pelo Conselho de Administração do BES.