A epidemia de Ébola, que impõe quarentenas às populações dos três países da África ocidental mais atingidos, dificulta as colheitas e faz disparar os preços dos alimentos, alertou nesta terça-feira a ONU.

Na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, as zonas de quarentena e as restrições de deslocações de pessoas “limitaram seriamente o movimento e a comercialização dos alimentos. Esta situação levou a compras ditadas pelo pânico, penúrias alimentares e preços inflacionados de certos produtos, particularmente, nos centros urbanos”, indicou, em comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Os mecanismos de supervisão da FAO emitiram um “alerta especial”, pois a situação agravou-se devido à falta de mão de obra e dado que se aproximam duas grandes campanhas agrícolas na região, a do arroz e a do milho, “pondo em perigo a segurança alimentar de um elevado número de pessoas”. Os três países são importadores de cereais, principalmente a Libéria, “o mais dependente do fornecimento externo”, sublinhou a FAO.

Em Monrovia, o preço de alguns alimentos disparou, como é o da mandioca, base da alimentação e cujo preço “aumentou 150% nas primeiras semanas de agosto”, indicou. Para responder às necessidades alimentares imediatas, o Programa Alimentar Mundial (PAM) lançou uma operação de emergência, a nível regional, durante a qual deverá distribuir 65 mil toneladas de alimentos a cerca de 1,3 milhões de pessoas, de acordo com a organização.

A FAO insistiu na necessidade de avaliar rapidamente as “medidas suscetíveis de atenuar o impacto da falta de mão de obra durante o período de colheita e para as atividas depois da colheita”. A doença do vírus Ébola, para a qual não existe tratamento, nem vacina, causou mais de 1.550 mortos em 3.069 casos registados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), até 26 de agosto. Destes casos, a Libéria registou 694, a Guiné-Conacri 430 e a Serra Leoa 422.

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