O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, disse neste sábado que a “saída” para a situação na Catalunha está “na lei e no diálogo” e advertiu o presidente da Catalunha que um governante não pode fazer o que quer. “Aqui em Espanha não há ninguém acima da lei. Primeiro a lei e depois as outras coisas”, disse Rajoy no discurso de encerramento de uma reunião interparlamentar do PP.

Insistiu que esse diálogo só se pode fazer à luz da lei, além de reiterar que as regras do jogo que os espanhóis acordaram na Constituição se podem mudar, mas com “a concordância de todos”. Rajoy advertiu também o presidente do Governo da Catalunha (Generalitat), Artur Mas, que o diálogo deve “ser o contrário” do vivido nestes últimos meses, com “um monólogo” e com uma política de “imposição” de “factos consumados” por parte do presidente catalão.

O chefe do Governo espanhol respondia assim a Artur Mas, que na sexta-feira desafiou Madrid, anunciando que manteria o seu projeto de referendo sobre a independência para 9 de novembro, ignorando a proibição provisória da consulta pelo Tribunal Constitucional. “Apresentou-se um referendo, uma pergunta e uma data sem conversar”, lamentou Rajoy, lembrando que a consulta não “tem viabilidade legal”.

A política é entre outras coisas “a arte do diálogo”, prosseguiu o chefe do Executivo, para quem esse diálogo “é avançar até a um ponto de encontro”, “E só há uma condição”, advertiu, que é falar “dentro do campo de jogo onde caibamos todos, que é a lei”. “A lei é o diálogo de uma democracia consigo mesma”, acrescentou.

O Tribunal Constitucional espanhol admitiu a 29 de setembro a entrada dos recursos contra a consulta independentista catalã, apresentados pelo Governo espanhol, uma decisão que suspende a iniciativa do governo da Catalunha, de convocar o referendo para 9 de novembro.

Apesar da decisão do tribunal, o presidente da Catalunha, Artur Mas, decidiu manter a data da consulta. “Por muito que tentem parar a voz do povo da Catalunha não o conseguirão”, disse hoje Artur Mas, perante mais de 800 presidentes dos municípios, que aprovaram a moção em defesa do direito a decidir.

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