Cavaco Silva não conhece o Orçamento do Estado, mas não tem dúvidas em afirmar que acredita que o Governo gostaria de baixar impostos. Em declarações aos jornalistas, à margem do Roteiro para a inovação, o Presidente da República é cauteloso em defender uma redução dos impostos. Lembra que a “carga fiscal é excessiva” mas que é preciso cumprir os “compromissos” que o país tem assumido internacionalmente.

“Quem não gosta de impostos mais baixos? Os políticos gostam de baixar impostos. Acredito que o Governo ficaria muito contente em baixar os impostos aos portugueses”, disse quando questionado sobre a redução da sobretaxa de IRS.

O Presidente mediu as palavras e o tom, lembrou que o documento ainda não foi apresentado e que terá uma reunião com o primeiro-ministro exatamente no dia em que o Orçamento do Estado é apresentado.

O chefe de Estado fez esta segunda-feira um Roteiro para uma Economia Dinâmica ao visitar quatro empresas de várias áreas e foi delas que começou por falar dizendo que a”as intrigas políticas” merecem muita atenção da comunicação social, mas que “dizem zero” à vida das pessoas. o Presidente quis mostrar os exemplos de empresas que “na área industrial com gestores e administradores que pertencem a uma nova geração, na inovação, que exportam uma percentagem elevada do que produzem e com um grande potencial de crescimento”.

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Mas terminou a falar de uma que teve de ser resgatada: o BES.

O Presidente da República acabou por fazer uma comparação entre a falência do BES e de uma família com empréstimos à Caixa Geral de Depósitos para garantir que os prejuízos do banco público não significam que sejam os contribuintes a pagar a fatura.

“Há uma ideia errada que é a de dizer-se que pela via da redução dos lucros da CGD, os contribuintes podem vir a suportar custos com a resolução do BES. Se fosse assim teríamos de dizer que quando uma família ou empresa não paga os empréstimos à CGD, então também os contribuintes estavam a suportar um custo”, disse.

A teoria bate certo com a apresentada pelo Governo de Passos Coelho. Diz o Presidente que quem diz que toda a despesa que a CGD faz é um custo para os contribuintes, “não faz sentido” e “quem diz isso não percebeu ainda (ou não entende), que a CGD é uma atividade mercantil exercida pelo Estado, sujeita aos riscos dos negócios bancário e que tem de cumprir as leis do país relativo a esse negócio, nomeadamente contribuir para o fundo de resolução”, explicou.