As autoridades mexicanas anunciaram, esta sexta-feira, a detenção do presumível líder de um cartel suspeito de ser responsável pelo desaparecimento, há três semanas em Iguala (sul), de 43 estudantes.
Sidronio Casarrubias Salgado, chefe do grupo criminoso “Guerreros Unidos”, foi detido na companhia de uma dos seus homens mais próximos, informou o diretor do Departamento de Investigação Criminal da Procuradoria-Geral da República, Tomas Zeron, em conferência de imprensa.
O Procurador-Geral da República, Jesus Murillo Karam, afirmou que a detenção de Salgado se abre uma nova linha de investigação que pode levar as autoridades a ficarem mais perto da “verdade”.
Segundo Jesus Murillo Karam, até ao momento, foram detidos 36 polícias municipais, 22 da cidade de Iguala e 14 de Cocula, bem como um total de 17 membros dos “Guerreros Unidos”, cujo presumível chefe negou ter dado ordens para que fizessem desaparecer os estudantes.
Iguala, cidade de 140 mil habitantes do estado de Guerrero, localizada a 200 quilómetros da capital mexicana, foi palco na noite de 26 de setembro de violentos confrontos entre estudantes — inicialmente cerca de cem, provenientes de diversas zonas e se terão concentrado para recolher fundos para os estudos e protestar contra o estado do ensino — e a polícia municipal, aparentemente aliada do grupo criminoso.
Os estudantes da escola de Ayotzinapa, conhecida por ser um bastião de contestação, apoderaram-se de três autocarros de transportes públicos para regressarem à sua localidade, antes de serem atacados com armas de fogo, num incidente que fez seis mortos e 25 feridos.
De seguida, inúmeros estudantes foram vistos a serem conduzidos à força para o interior de viaturas da polícia e depois levados para destino desconhecido, dos quais 43, com idades compreendidas entre os 17 e os 21 anos, continuam desaparecidos.
O Procurador-Geral da República detalhou que na detenção dos estudantes participaram agentes de Iguala e de Cocula, os quais os entregaram aos “Guerreros Unidos” num local conhecido, mas ressalvou que “a investigação continua em curso”.
Jesus Murillo Karam sublinhou que para o Governo federal o sucedido é “inaceitável” e reiterou o compromisso de que o caso “não pode terminar sem uma solução nem sem um castigo”.
Segundo as autoridades mexicanas, no estado de Guerrero, participam atualmente nas investigações 900 agentes da Polícia Federal, 300 efetivos da Marinha e 3.500 do Exército, bem como mais de 60 peritos.
Os “Gerreros Unidos” são um grupo criminoso, criado em 2011 após uma cisão do cartel dos irmãos Beltran Leyva, que disputam com os “Los Rojos” o controlo de várias cidades dos estados de Guerrero e Morelos para o tráfico de droga e outros crimes, como sequestro e extorsão.
Após o desaparecimento dos estudantes verificou-se uma onda de protestos, com a mais recente a ter tido lugar esta sexta-feira, em Acapulco, principal cidade do estado de Guerrero, com milhares de manifestantes a participarem numa marcha pacífica durante a qual exigiram a resolução do caso e a demissão do governador Angel Aguirre pela gestão que fez dos incidentes.