O secretário-geral do PCP afirmou esta terça-feira que o Governo está a “aproveitar até ao limite” para prosseguir o retrocesso social e reiterou o pedido de demissão do Executivo PSD/CDS-PP e de antecipação das eleições legislativas. O líder comunista aproveitou, também, para desvalorizar a nova liderança de Costa. Segundo Jerónimo de Sousa o Partido Socialista permanece sem conseguir a “rutura e mudança” de que Portugal precisa, nomeadamente no que toca à reestruturação da dívida pública.

A data das eleições legislativas de 2015 continua a marcar a agenda política. Agora foi a vez de Jerónimo de Sousa pedir a antecipação das eleições, não por considerar que a preparação do Orçamento do Estado para 2016 possa estar em risco, mas porque considera que o Governo “está derrotado” e “sem futuro”.

“[Sem antecipação das eleições, o Governo] vai aproveitar ao limite para continuar esta senda de retrocesso social, de recessão económica, de aumento do desemprego, de favorecimento dos poderosos (…) Não é uma questão técnica, que tenha a ver com os prazos do novo orçamento, é uma questão política de fundo, de interromper esta política, cujo primeiro passo é a demissão do Governo, mas pressupõe ruturas com esta política de direita que nos está a infernizar a vida”, afirmou Jerónimo de Sousa, à margem de um encontro com a Confederação Nacional Agricultura (CNA), na sede comunista, em Lisboa.

Sobre o Partido Socialista, o secretário-geral do PCP acusou-o de não apresentar nenhuma proposta concreta. “[O] PS parece que lavou a cara, mas em termos de essência da política e problemas nacionais continua a não avançar proposta alguma de rutura, de mudança”, referindo-se à questão da reestruturação da dívida pública do país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o líder do PCP, “a posição e o conteúdo da proposta do PS, no essencial, já foi avançada há dois meses pela própria ministra das Finanças”. Ou seja, António Costa está “disponível para debater”, mas para Jerónimo de Sousa isso não chega.

“Hoje a situação, o grau e serviço da dívida, não é uma questão de dizer ‘não pagamos’. O grande problema é que, qualquer dia, não podemos pagar, não temos condições. Pressupõe uma renegociação conforme o PCP apresentou. Achamos interessante que haja o envolvimento de entidades, instituições, na discussão do problema, mas apontando o caminho”, defendeu Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral comunista antecipou que “o debate demonstrará que, mais uma vez, o PS quer, tem ambições de poder, mas não é capaz de avançar com uma linha de rutura e mudança de que Portugal tanto precisa”.