Morreu Oscar de La Renta, na sua casa no Connecticut, aos 82 anos. “Enquanto os nossos corações estão partidos com a ideia de uma vida sem o Oscar, ele continuará connosco. O trabalho árduo, a inteligência e o amor que o Oscar tinha pela vida são o coração da nossa companhia. Através do exemplo do Oscar nós conhecemos o caminho para o futuro. Faremos com que o Oscar tenha muito orgulho de nós por continuarmos, ainda de forma mais forte, o trabalho de que ele gostava tanto”, lê-se na nota enviada pela enteada, Eliza Reed Bolen, e o marido. Embora se dissesse que sofria de cancro desde 2006, a notícia nunca foi confirmada, e as causas da morte não foram reveladas.

O trabalho de La Renta foi uma longa jornada na moda que começou nos anos 60 e só teve fim esta noite. Serão poucas as mulheres pelo mundo fora que nunca sonharam em ter um De la Renta, foram muitas as caras conhecidas que vestiram criações suas. Recebeu o bilhete para a entrada no mundo da moda quando estudava pintura em Espanha: a mulher do embaixador americano no país pediu-lhe um vestido para a filha – que acabou por ser capa da revista Life. Não foi preciso muito tempo para esquecer a pintura: aprendiz de Balenciaga, mudou-se para França para trabalhar na casa Lanvin e foi já em Nova Iorque, quando trabalhava com Elizabeth Arden, que criou a marca com o seu nome. De la Renta entrou na moda para não mais sair, tendo sido o primeiro estilista americano a desenhar para uma casa francesa – Pierre Balmain em 1993 até 2002.

Terão sido raras as vezes em que os seus fatos não pisaram as mais conhecidas passadeiras vermelhas dos Estados Unidos e da Europa. As Primeiras Damas norte-americanas sempre tiveram uma relação longa com o estilista, antes de Michelle Obama: Jackeline Kennedy, Laura Bush e Hillary Clinton. Até o ex-presidente Bush (filho) já lamentou a perda “da personalidade generosa e quente, do charme, e do talento incrível de Oscar. Do homem que fazia as mulheres parecerem e sentirem-se lindas”. Com Michelle a relação terá sido mais difícil. Oscar foi um forte crítico por a Primeira Dama não usar criadores americanos, sendo que apenas um mês antes da sua morte a mulher de Obama usou um vestido seu. Mais recentemente Amal Alamuddin casou-se com Clooney usando um vestido com a sua assinatura.

O jovem que saiu da Republica Dominicana aos 18 anos nunca escondeu que não criava para todas as mulheres, e a melhor maneira de explicar o seu mercado é imaginarmos as protagonistas de ‘Sexo e Cidade’. Não será, por isso, de estranhar que o seu nome fosse referido tantas vezes ao longo da série e o seu design comparado por Carrie Bradshaw a “poesia”. Só mais recentemente, em 1997, é que criou para as massas, mas apenas perfumes de preço razoável.

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“Eu sou uma pessoa inquieta. Estou sempre a fazer coisas. O processo criativo nunca para”, contava o próprio. Foi patrono das artes, membro do Conselho do Metropolitan Opera and Carnegie Hall, tinha uma participação ativa em ações de caridade tanto em Nova Iorque como no país natal. Era, como dizia, um homem que não parava.

Na Republica Dominicana ganhou as medalhas de honra da ordem de Mérito de Juan Pablo Duarte e da ordem de Cristóvão Colombo. Nos Estados Unidos foi homenageado, duas vezes, com o prémio Crítica de Moda Coty American, foi premiado pela presidência em 1980 na categoria realização de vida e recebeu o prémio Excelência pelo Metropolitan. Em Espanha foi distinguido pela casa real com medalha de ouro e em França ordenado comandante pela Legião de Honra. Entre muitos outros prémios.

Inspiração latina, saias compridas, bordados requintados e cores fortes, serão sempre marcas de Oscar de La Renta.