A fronteira entre Marrocos e a cidade espanhola de Melilla foi hoje palco de uma nova tentativa de centenas de imigrantes ilegais entrarem em território espanhol, com dezenas a ficarem, durante horas, pendurados na vedação fronteiriça.
Cerca das 09h30 locais (08h30 em Lisboa), cerca de 80 imigrantes continuavam pendurados na vedação, repetindo cenas das últimas semanas em que agentes espanhóis tentam evitar que entrem em Melilla.
Hoje, tal como ocorreu na segunda-feira, vários grupos de centenas de imigrantes espalharam-se em vários pontos da fronteira, especialmente na zona do cemitério muçulmano, para obrigar as forças de segurança espanholas a dividirem-se.
Segundo as forças policiais espanholas, cerca de 15 pessoas conseguiram entrar hoje, que vêm somar-se aos cerca de 50 que entraram na segunda-feira, tendo-se dirigido para o Centro de Estância Temporária de Imigrantes (CETI).
Ali, e segundo testemunhos, ocorreram momentos de tensão quando os imigrantes foram travados por agentes policiais, tendo-se registado alguns confrontos.
Pelo menos cinco imigrantes ficaram feridos e foram transferidos para o Hospital Comarcal de Melilla.
Recorde-se que há cinco dias a cidade viveu um dos ‘assaltos’ massivos “mais violentos” à fronteira, provocando vários feridos entre guardas civis e imigrantes.
Abdelmalik el Barkani, delegado do Governo espanhol em Melilla, disse na terça-feira que a pressão migratória sobre a cidade duplicou, sendo que em todo o ano passado se registaram 38 tentativas de assalto massivo à fronteira e que este ano já se registaram quase 60.
Também pelo segundo dia consecutivo viveram-se hoje situações de tensão na fronteira entre Marrocos e Ceuta, com um agente policial ferido e hospitalizado depois de uma nova avalancha de transportadores marroquinos.
O incidente de hoje ocorreu na mesma zona onde na terça-feira, numa avalancha idêntica, ficaram feridas 16 pessoas, incluindo três agentes da Guarda Civil, quando mais de 300 transportadores se acumularam na fronteira.
As avalanchas ocorrem devido à pressa de os transportadores entrarem nos armazéns do polígono industrial de Ceuta para deixar e levar mercadoria de e para Marrocos.
A pressão aumentou devido a uma normativa da Delegação do Governo em Ceuta que reduziu a dimensão do que cada um dos transportadores pode levar às costas para 40×60 centímetros.
O objetivo das autoridades espanholas era conseguir mais fluidez no trânsito de cerca de 3.000 transportadores que diariamente passam pela ponte de Biutz, junto do posto fronteiriço de Tarajal e dedicado quase exclusivamente à passagem de mercadores.
Pretendia evitar ainda cenas muito comuns, explica o Governo, de pessoas que mal podiam caminhar com o peso do que levavam às costas.
Devido a poderem transportar menos carga os transportadores tentam agora ser mais rápidos para poderem fazer mais viagens.