A Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das principais organizações que há um mês promove os protestos pró-democracia com a ocupação de alguns pontos da cidade, exigiu hoje ao Governo negociar diretamente com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

De acordo com a RTHK, a estação pública de Hong Kong, a Federação de Estudantes está dececionada com o diálogo encetado há uma semana com representantes do Executivo local liderados por Carrie Lam, a Secretária-chefe, e sublinha, em comunicado, esperar que o Governo “organize um encontro com o primeiro-ministro Li Keqiang”.

A Federação, presidida por Alex Chow, argumenta que no diálogo de 21 de outubro Carrie Lam assegurou que não estava nas mãos do Governo local mudar o sistema eleitoral da antiga colónia britânica.

De facto, as alterações ao sistema político quer em Hong Kong quer em Macau, são decididas pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, em Pequim.

A proposta de Pequim para Hong Kong é que, em 2017, os eleitores locais possam escolher livre e diretamente os candidatos a chefe do Governo num leque de personalidades que, contudo, terão, primeiro, de ser aprovados por uma comissão eleitoral.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nas negociações com os líderes do movimento pró-democrático, Carrie Lam também manifestou a disponibilidade do Governo de Hong Kong enviar para Pequim um relatório onde dá conta das posições contrárias de parte da sociedade de Hong Kong à decisão da Assembleia Nacional.

Os manifestantes pretendem que a eleição direta não seja condicionada a uma pré-seleção dos candidatos e na nota hoje divulgada afirmam que o relatório deve incluir uma proposta de retirada da decisão já tomada por Pequim.

Já sobre a criação de uma plataforma permanente de negociações e diálogo, a Federação de Estudantes exige que seja discutida uma agenda para abolir o novo sistema eleitoral.

É que, segundo os estudantes, se o Governo local não pode realizar as exigências expressas, então é preferível o diálogo acontecer diretamente com o chefe do Governo chinês e com os líderes do gabinete de ligação ao Governo central.

Hong Kong é, a par de Macau, uma Região Administrativa Especial da China tendo regressado à soberania chinesa em julho de 1997, dois anos antes da transferência da administração portuguesa de Macau para a China.