Já alguma vez chorou de alegria? Certamente que sim. Mas como se explica esta experiência aparentemente tão contraditória? Um grupo de investigadores da Universidade de Yale acredita ter encontrado a resposta: o corpo tenta encontrar o equilíbrio emocional, compensando uma emoção extremamente positiva com uma resposta negativa – o choro.

A investigadora que lidera o estudo, Oriana Aragon, explicou ao The Telegraph que este tipo de reações “parece acontecer quando as pessoas se sentem sobrecarregadas com emoções positivas fortes. As pessoas que reagem desta maneira parecem recuperar melhor dessas emoções”.

O estudo, que vai ser publicado no próximo mês pelo jornal Psychological Science, analisou a resposta emocional de vários indivíduos quando confrontados com cenários positivos – por exemplo, reencontros felizes ou imagens de bebés – e chegou à conclusão de que os sujeitos que usam este mecanismo conseguem moderar as suas emoções mais intensas de forma mais rápida. Confuso? Os autores da investigação explicam.

“Para dar um exemplo, o ato de ganhar a lotaria é entendido como uma coisa incrivelmente boa; [as pessoas] sentem-se sobrecarregadas com felicidade, riem-se e choram”, pode ler-se no estudo.

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Outro dos exemplos citado são os gritos de histeria das pessoas que vão aos concertos dos seus maiores ídolos. As lágrimas, que, por norma, são entendidas como sinais de tristeza e depressão, são reações negativas a um estímulo demasiado positivo para que o corpo consiga reagir de forma moderada. Ao libertarem estas emoções, as pessoas conseguem recuperar o equilíbrio emocional que perderam.

Oriana Aragon acredita que este tipo de conclusões permite perceber como as “pessoas expressam e controlam as suas emoções, funções que estão diretamente relacionadas com a saúde mental e física, com a qualidade da relação com os outros e, até mesmo, com a forma como as pessoas trabalham juntas”.

Por outro lado, os investigadores também julgam que a reação inversa será um mecanismo semelhante a este: algumas pessoas riem-se quando estão nervosas ou são confrontadas com situações adversas e assustadoras – é a forma do corpo humano de lidar com emoções que não consegue controlar.