A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, considerou este sábado que o ‘plano Juncker’ de investimentos na zona euro é positivo, mas que só pode ser valorizado face à sua eficácia.

“É um passo adequado na direção adequada. Mas apenas pode ser julgado em função da sua aplicação e eficácia. O investimento em infraestruturas por si só não vai mudar a história”, afirmou a responsável numa entrevista concedida à agência de notícias espanhola EFE à margem de uma conferência internacional que decorre em Santiago do Chile.

Segundo Lagarde, o que o FMI tem vindo sempre a defender no que toca ao investimento e financiamento de infraestruturas, é que “têm de ser eficientes e aplicados onde seja necessário”.

A líder do FMI deixou elogios ao facto deste plano do novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que sucedeu a Durão Barroso no cargo no início de novembro, envolver o setor público e o privado.

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Sobre a zona euro, Lagarde reconheceu “sinais de melhoria”, mas vincou que, na sua opinião, “é claro que a recuperação do crescimento na área do euro é limitada”.

As últimas previsões do FMI para a zona euro apontam para um crescimento de 0,8% este ano e de 1,3% para 2015.

“Alegramo-nos em ver as autoridades europeias centradas no crescimento, e que surgem iniciativas que sejam de natureza pan-europeia”, salientou a responsável.

Paralelamente, Lagarde reiterou ser importante que “se reconheça que a política monetária não pode impulsionar, por si só, a recuperação, e são necessárias reformas estruturais sensatas adaptadas a cada país”.

Lagarde termina hoje uma ronda ao continente sul-americano, durante a qual visitou o Perú e o Chile, tendo aproveitado para manter encontros com as autoridades daqueles países, num momento de desaceleração económica da região.

O plano de investimentos apresentado no final de novembro por Juncker tem como suporte um novo fundo de investimento – designado Fundo Europeu de Investimento Estratégico, que deverá estar operacional até junho – dotado de 21 mil milhões de euros.

Deste montante, 16 mil milhões de euros são oriundos de garantias do orçamento da União Europeia (a partir dos programas já existentes ‘Interligar Europa’ e ‘Horizonte 2020’, gerido pelo comissário Carlos Moedas) e 5 mil milhões de euros de dinheiro do Banco Europeu de Investimento (BEI).

A partir daqui, a Comissão acredita que serão atraídos investidores privados para cofinanciarem os projetos, pelo que por cada euro de dinheiro de garantia pública estima que serão mobilizados 15 euros, mobilizando no total 315 mil milhões de euros entre fundos públicos e, sobretudo, privados.

A Comissão vai abrir o capital do fundo a eventuais interessados, como os Estados-membros ou fundos de investimento internacionais, como fundos soberanos ou ‘hedge funds’.