Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis têm acusado o Banco Central Europeu (BCE) de estar a “asfixiar” o governo grego. Contudo, segundo informações que chegaram esta quinta-feira à imprensa internacional, a cúpula do banco central rejeitou recentemente uma proposta do Mecanismo Único de Supervisão, o recém-criado pelouro do BCE para a supervisão, para que os bancos gregos fossem proibidos de aumentar a exposição à dívida pública emitida pelo Tesouro de Atenas. O organismo supervisor está preocupado com o risco dessa dívida, mas o BCE não acatou a proposta para não perturbar as negociações com Atenas.
O Mecanismo Único de Supervisão (SSM, na sigla original) queria limitar o montante em dívida grega de curto prazo que os bancos podem ter em carteira. Seria um contratempo muito grave para o governo grego, tendo em conta a importância que os bancos internos têm tido para o financiamento do Estado. Isto apesar de o BCE estar a aumentar em doses muito pequenas a quantidade de títulos de dívida grega que os bancos podem levar ao BCE (como garantia) para obter novo financiamento. Por esta razão, e tendo em conta que estão a decorrer as negociações técnicas com o governo grego, o Conselho de Governadores do BCE, liderado por Mario Draghi, não acatou a proposta do SSM, que está preocupado com a excessiva concentração de dívida pública na carteira dos bancos.
Segundo o Financial Times, que ao contrário da Bloomberg não diz que o BCE rejeitou mas, sim, que está “a ponderar” este plano, esta possibilidade foi debatida entre os membros do Conselho de Governadores do BCE na quarta-feira. Se o BCE limitasse de forma rígida o montante de dívida pública que os bancos podem comprar, o Estado teria de recorrer de forma ainda mais intensiva aos fundos de pensões públicos para garantir a participação nas emissões de dívida pública.
Não se espera uma decisão definitiva sobre esta matéria antes do final desta quinta-feira. Mario Draghi estará reunido esta tarde com Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego, num encontro a que se junta Angela Merkel, François Hollande e, ainda, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.