A presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, defende que medidas de estímulo à procura interna não são a solução para os problemas do país. Estão, aliás, na base dos problemas do país, afirma a responsável.
“A economia portuguesa tem de crescer para resolver o problema de excesso de endividamento – em particular de endividamento externo – que defronta, mas, para que esse resultado seja atingido, os sectores público e privado têm de passar por uma grande transformação”, escreve Teodora Cardoso num trabalho em que explica porque é que o Conselho de Finanças Públicas não pode analisar as propostas dos peritos do Partido Socialista (PS).
Teodora Cardoso salienta, contudo, que “simples políticas de estímulo à procura, avaliadas estritamente pelo seu impacto de curto prazo, já demonstraram a sua ineficácia: não só não garantiram o crescimento da produtividade e a competitividade da economia, como, ao aumentarem o peso do endividamento, público e privado, comprometeram o seu crescimento”.
Foi, precisamente, “por ter levado longe demais o estímulo orçamental à procura” que, na opinião de Teodora Cardoso, “Portugal perdeu competitividade e capacidade autónoma de financiamento da dívida, predominantemente externa, e só poderá retomá-la quando os credores acreditarem que a necessária transformação está em curso”.
“Após o tratamento de choque que já teve lugar, Portugal tem agora que construir sobre os resultados alcançados e, onde necessário, corrigi-los. Para isso, a política orçamental tem de atuar em paralelo com políticas de oferta. Estas têm a ver com o papel do Estado e com a regulação da economia e não só com aumentos ou reduções de impostos ou de despesas públicas, embora a política fiscal e o nível e a gestão das despesas públicas sejam instrumentos fundamentais da transformação da economia”, conclui a responsável.