O vice-presidente do PSD, Carlos Carreiras, considerou neste sábado que a eleição do socialista Ferro Rodrigues para presidente da Assembleia da República representa a inversão de práticas democráticas que têm garantido a estabilidade do país ao longo de 41 anos.

“Ontem [sexta-feira] o que se passou foi mais uma quebra de práticas democráticas com a eleição do presidente da Assembleia da República por um membro do partido que perdeu, de facto, as eleições. E isso vem num conjunto de práticas que já começam a ser muito permanentes por parte, nomeadamente, do Partido Socialista, em não respeitar aquilo que era a estabilidade das práticas democráticas do Portugal de Abril”, acusou Carlos Carreiras.

O vice-presidente do PSD, que falava aos jornalistas à margem de um evento no Clube Naval de Cascais, mostrou-se “preocupado” com o facto de se estar “a ir atrás de um movimento de meia dúzia de pessoas, que na sua sobrevivência política tentam impor-se à própria democracia e impor-se às próprias regras e práticas democráticas” que Portugal tem vivido.

“O PSD não pode deixar de registar e de denunciar a inversão de práticas democráticas que se verificam ao longo destes 41 anos de democracia no nosso país e que têm garantido esta estabilidade de ser o período mais longo de democracia que vivemos e que pretendemos que continue”, sublinhou o vice-presidente dos sociais-democratas.

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Além disso, Carlos Carreiras entende que “já se está a ultrapassar barreiras que não se tinham ultrapassado” até agora, nomeadamente “no respeito pelas próprias instituições democráticas”, referindo-se em concreto ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

“Por isso nós não podemos ficar indiferentes a um movimento de alguém que decidiu fazer uma fuga em frente para sobrevivência meramente pessoal, de um grupo que coloca em causa tudo o que é valores, ativos e patrimónios que a democracia portuguesa conseguiu preservar ao longo estes 41 anos”, salientou o dirigente social-democrata.

Os partidos de esquerda, PS, BE e CDU já anunciaram que vão apresentar uma moção de rejeição assim que a coligação PSD/CDS-PP apresentar o seu programa de Governo no Parlamento, o que, a concretizar-se, fará cair o executivo liderado por Pedro Passos Coelho.

Questionado sobre as notícias veiculadas hoje por alguns órgãos de comunicação social, dando conta de que Passos Coelho não aceitaria ficar à frente de um Governo de gestão, o vice-presidente do PSD escusou-se a antecipar cenários que “alguém quer criar de forma artificial”, e justificou.

“Porque isso, de alguma forma, é a estratégia, tanto quanto estamos a perceber, que tem sido seguida pelo Partido Socialista. A de uma fuga em frente, dar como um facto consumado algo que não está sequer previsto nas próprias regras e práticas democráticas e, portanto, nós não alinharemos nunca com aqueles que, por mero egoísmo pessoal, por mera sobrevivência pessoal, estão a querer condicionar todo um país”, vincou Carlos Carreiras.

Questionado novamente pelos jornalistas sobre se o PSD prefere um Governo de esquerda, liderado por António Costa, ou um Governo de gestão com Pedro Passos Coelho, o dirigente do PSD voltou a evitou dar uma resposta concreta.

“É um cenário que não existe neste momento. Continuamos a acreditar que as instituições funcionam. Neste momento, o senhor Pedro Passos Coelho está indigitado para ser primeiro-ministro, e caber-lhe-á constituir Governo, caber-lhe-á apresentar o programa do Governo e a Assembleia da República assumirá as suas responsabilidades”, afirmou Carlos Carreiras, reiterando não querer “antecipar cenários”.