Um dos suspeitos envolvidos nos atentados de Paris, Salah Abdeslam, que continua desaparecido, viajou para a Áustria, através da Alemanha, no passado mês de setembro, desconhecendo-se as razões dessa viagem. Quem o confirmou foi a Ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, em declarações à radio ORF, citada pela Agência Reuters, afirmando também que a “questão agora é saber onde é que ele esteve na Áustria, e porquê”.

O francês de 26 anos de origem belga vivia no bairro de Molenbeek em Bruxelas com dois irmãos. Um deles morreu durante os ataques de Paris e outro foi detido tendo sido solto mais tarde. Segundo Mikl-Leitner, Abdselam foi mandado parar pela polícia enquanto seguia com o seu carro mas “ele disse que estava a ir de férias para Viena, não existindo, por enquanto, mais detalhes sobre a situação”, afirmou a ministra. 

Este é mais um sinal da dificuldade que as autoridades têm enfrentado para detetar e identificar possíveis terroristas que entram nas fronteiras europeias. No rescaldo dos atentados que mataram 129 pessoas em Paris, as interrogações sobre a eficácia das políticas de segurança dos países ocidentais começam a surgir. O receio e o medo das populações pressionam os Governos das grandes potências a avançar com medidas concretas de prevenção a ataques do género dos que ocorreram na capital gaulesa na última sexta-feira.

E, por isso, a CNN foi atrás de respostas das autoridades americanas em relação à investigação dos atentados reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico. E o primeiro problema que veio à tona foi o facto de nenhum dos atacantes de Paris até agora identificado estar referenciado pelos Estados Unidos. Ou seja, a capacidade dos EUA e dos seus aliados em rastrear combatentes estrangeiros que partem para a Síria e Iraque começa assim a ser posta em causa.

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Mas esta situação já foi explicada por alguns analistas dos serviços de inteligência americana. Segundo estas fontes, foi investigado o sinal de comunicação, incluindo as contas de email e outros tipos de vias, e não foi descoberto qualquer tipo de comunicação entre os terroristas. Esta situação aumenta as suspeitas de utilização de mensagens digitais encriptadas para evitar a deteção pelas autoridades francesas e para coordenar os ataques à distância. Este tipo de comunicação é de tal maneira evoluído que os serviços de segurança ocidentais não possuem ainda a tecnologia necessária para decifrá-la. Ou seja, os terroristas movimentam-se por uma espécie de sombra digital. Entre outras coisas, podem usar mensagens na Playstation 4, incluindo nos próprios jogos.

Para além disto, um dos terroristas que atacou o Bataclan, e que já estava referenciado pelas mesmas autoridades gaulesas, era conhecido por utilizar frequentemente este tipo aplicações encriptadas. As mesmas fontes americanas contaram ainda ao canal que não sabem se a lista de envolvidos nos atentados é maior do que a já conhecia. 

Segundo Diego Rodriguez, diretor assistente do FBI em Nova Iorque, a investigação está a sobrecarregar os investigadores franceses: “Como pode imaginar, ainda é tudo muito caótico para recolher informações”. Por causa disso mesmo, o foram enviados mais agentes, durante o fim de semana, para apoiar os agentes americanos já colocados anteriormente na capital francesa, apesar de a França ainda não ter feito um pedido formal ao FBI para se juntar à investigação.

Mas a complexidade e a dificuldade em seguir as pisadas dos jihadistas tem também origem na fuga de milhares de europeus para a Síria e Iraque para se juntarem às fileiras do Estado Islâmico. Um oficial do gabinete de contraterrorismo dos EUA afirmou que “alguns podem ir para a Síria treinar durante uma semana e regressar para a Europa sem nunca aparecer em nenhuma base de dados”, denunciando também a lentidão de alguns países europeus em relação a esta matéria.