Com mochilas carregadas de donativos dos portugueses, voluntários da Associação Famílias Como a Nossa partiram, este sábado, para dois campos de refugiados na fronteira entre a Grécia e a Macedónia.

“Vamos fazer um bocadinho de tudo, desde vestir, tratar, dar comida, apoio emocional e animar as crianças (…) é um bocadinho tirá-los daquela dor onde se encontram”, disse à Lusa Bárbara Guevara, da direção da associação, antes de embarcar no avião no Aeroporto de Lisboa.

A acompanhar Bárbara nesta missão estão 16 voluntários das mais diversas áreas, desde enfermeiros, palhaços, engenheiros químicos, psicólogos a locutores de rádio.

Cada um leva uma mochila carregada com 30 quilos de roupa, brinquedos, produtos de higiene, que no total somam mais de 500 quilos, mas também donativos em dinheiro para “gastar no terreno com o que os refugiados precisam”, disse Bárbara Guevara. Esta é a terceira caravana de ajuda humanitária da Associação Famílias como as Nossas e surgiu na sequência de ter falhado o envio de uma carga para a Macedónia.

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“Enviámos há cerca de um mês uma carga em dois camiões TIR para a Macedónia”, mas apesar de termos as autorizações todas, “tivemos alguns problemas na alfândega e os camiões acabaram por ir para a Croácia”, contou a voluntária, locutora de rádio.

Mas “se a carga não entra a bem, entra a mal”, disse com um sorriso, contando que a caravana tinha inicialmente como destino a Grécia, mas depois de contactos com organizações no terreno e com as Nações Unidas, a associação percebeu que a ilha de Lesbos tinha voluntários suficientes, ao contrário da Macedónia.

“Optámos não só por enviar os voluntários para a Macedónia como os donativos dos portugueses”, a quem “estamos profundamente gratos”, disse Bárbara Guevara. Segundo a voluntária, tem “sido inacreditável” a solidariedade dos portugueses, que chega de “todos os pontos do país”.

Maria Luna, palhaça, decidiu contribuir para esta causa com a sua profissão: “Eu pressenti que com esta associação tinha a oportunidade, como civil, de oferecer a minha arte” e “trabalhar como palhaça”.

“Nós como palhaços e palhaças andamos o mais possível pelo mundo a levar o riso, o amor, a ternura e os abraços às pessoas, principalmente, às que mais necessitam”, acrescentou Maria Luna à Lusa.

Paulo Leão, da associação, que participou nas duas caravanas anteriores, não vai embarcar nesta missão, mas fez questão de ir acompanhar o grupo ao aeroporto.

Nas deslocações aos campos de refugiados, Paulo Leão percebeu que os donativos em dinheiro são os mais importantes, porque podem colmatar necessidades urgentes de alguma organização não-governamental no local.

“AS ONG que estão a trabalhar no local têm muito pouco apoio e a maior parte é com base no voluntarismo puro. Assim sendo, é sempre importante levarmos dinheiro”, porque assim conseguimos suprimir as necessidades que as organizações identificam, explicou à Lusa.

Mas também são importantes “as mãos para trabalhar” porque são sempre poucas para o fluxo de refugiados, que é muito”.

Bárbara Guevara adiantou que estas missões de apoio aos refugiados são para continuar: “Enquanto houver situações destas a acontecer, nós estamos sempre disponíveis e estaremos sempre lá”, não só a nível internacional, como a nível nacional.