No concelho, existem cerca de 20 fabricantes, entre fábricas e pastelarias, que empregam centena e meia de trabalhadores, produzem perto de 1,5 milhões de pastéis e faturam quase um milhão de euros por ano, de acordo com dados recolhidos pela agência Lusa junto das empresas. Números que podem vir a aumentar no futuro. Depois de entrar na grande distribuição para os hipermercados, a fábrica Brasão, fundada em 1947, é a primeira a tentar a exportação.

Aquela indústria prepara-se para concretizar um negócio com o Japão e começou este ano a exportar para os Estados Unidos da América. “Começámos a exportar em outubro e já mandámos quatro vezes perto de 500 caixas cada vez [12 mil pastéis], por isso acho que os consumidores estão a gostar”, conta a gerente Perpétua Lourenço.

Detentoras da primeira marca que remonta aos finais do século XIX, as Pastelarias Carmitas e Maria Adelaide têm um terceiro estabelecimento em plena Lisboa, onde o pastel de feijão concorre com pastelaria e outros doces e bolos regionais variados.

“Nós conseguimos habituar os clientes a gostar daquele produto”, refere o gerente Diogo Esteves, explicando que se trata de um doce com forte potencial e “facilmente vendável, porque são produtos com ingredientes nobres, é um produto com muita longevidade, ou seja, não altera as suas qualidades durante vários dias, em comparação com outros produtos mais perecíveis”.

Apesar de chegar a vários pontos do país através da distribuição assegurada pelas fábricas, é procurado em Torres Vedras não só pelos habitantes e empresas, que tornam a caixa de pastéis de feijão na sua oferta de Natal, mas também pelos emigrantes e por turistas, motivo pelo qual as vendas sobem no verão e no Natal.

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Dina Soares é apreciadora e acaba de adquirir uma caixa de 12 unidades. “Temos de promover o nosso doce, por isso habitualmente no Natal compro para oferecer, por ser típico da terra. Neste caso, esta caixa vai para os Açores”.

Feito de açúcar, amêndoa, feijão e gema de ovo, aos quais se acrescenta farinha e margarida para a capa do recheio, o pastel de feijão de Torres Vedras “não esconde segredos”, diz quem trabalha neste ramo da indústria há 23 anos, Maria Helena Santos, de 64 anos.

Há pelo menos dois anos que seus fabricantes estão a passar por um processo de certificação geográfica deste produto típico, com o intuito de lhe conferir mais qualidade, maior capacidade exportadora e maior diferenciação entre os vários tipos de pastéis de feijão existentes no país.

Além da capa fina, ao contrário de outras em massa folhada, “neste nota-se a amêndoa e o feijão e os outros dão a sensação que têm corantes ou batata. Ao mastigar, não se nota o feijão e a amêndoa”, explica Maria Helena Santos. A funcionária recorda que, há 20 anos, os recheios eram feitos “à força de braços” e hoje já há maquinaria para triturar o feijão e a amêndoa e mexer os ingredientes, mas ao fim de um século mantém-se o fabrico artesanal. “Muito do trabalho continua a ser à mão”, conta, enumerando o juntar dos ingredientes, o fazer as formas, enchê-las com o recheio e levar tudo ao forno.

Is pastéis de feijão começaram a ser confecionados no fim do século XIX, em casa de uma mulher que, mais tarde, começou a vendê-los. O negócio passou para os descendentes, tendo daí nascido várias empresas.