Quando tem hipótese de escolher entre subir uma longa escadaria ou usar o elevador, por qual dos dois opta? Se é daquelas pessoas que nem pensa duas vezes e evita, ao máximo, andar a pé ou subir escadas, pare, pense e tente mudar a sua rotina. O conselho é da Direção Geral de Saúde (DGS) que, na apresentação da Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Saúde e do Bem-Estar, recomendou uma deslocação “ativa” para o trabalho, para combater o sedentarismo. E a razão é só uma: cuidar da sua saúde.
A DGS pretende “ter uma população residente em território nacional com baixos níveis de sedentarismo, fisicamente ativa, usufruindo do maior número possível de anos de vida saudáveis e livres de doença”.
É que o sedentarismo é considerado “um dos principais fatores de risco para as doenças crónicas não transmissíveis” como, por exemplo, a diabetes. A Organização Mundial de Saúde estima que haja um milhão de mortes todos os anos na Europa por causa da inatividade física.
E mexer-se mais, não significa propriamente ter de começar a frequentar um ginásio, até porque esta opção não está ao alcance de todas as carteiras. Por isso mesmo, a DGS apela antes à “criação de rotinas em que se realizem exercícios simples, adaptados ao espaço existente, a deslocação ‘ativa’ para o trabalho ou outros estímulos”. Evite, por exemplo, estar sentado mais do que 20 ou 30 minutos sem uma pequena pausa de um ou dois minutos.
Optar pela “utilização de escadas em detrimento do elevador” é outra das sugestões dos especialistas que afirmam que é preciso promover “comportamentos que contrariem uma lógica sedentária”.
E para que haja esta mudança é preciso, desde logo, que haja uma “consciencialização da população para a importância da atividade física na saúde”. Tal será impulsionado, de acordo com a Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Saúde e do Bem-Estar, nos centros de saúde, através de informação sobre os benefícios da atividade e propostas de exercícios, bem como aconselhamento de espaços a utilizar para a prática (casa, espaços de lazer, comerciais ou locais de trabalho), ” considerando nomeadamente, a idade, a condição de saúde ou contexto socioeconómico”.
Para tal, será preciso dar formação aos profissionais de saúde, uma das prioridades desta estratégia. Essas orientações passarão, por exemplo, por temas como o aquecimento, antes da atividade física e o retorno à calma, o calçado e o vestuário adequados, a alimentação e a hidratação, de acordo com a idade e diferentes condições (estado geral de saúde, económicas, sociais e geográficas).
Além disso, esta estratégia — que terá um período de vigência de dez anos — prevê a “implementação de políticas intersetoriais e multidisciplinares”, desde logo reforçando a comunicação entre profissionais de saúde, docentes, alunos e famílias.
A DGS sugere que haja otimização da “utilização de espaços desportivos, como por exemplo espaços escolares, em horários não ocupados (noite e fim de semana)”, bem como uma maior interação com as áreas do ambiente e dos transportes, “visando a promoção do uso de meios não poluentes e da sua utilização e parqueamento em segurança (bicicleta, skate, patins).
Esta estratégia fala ainda em parcerias com empresas e associações empresariais para se “encontrarem estratégias que promovam a atividade física e diminuam o sedentarismo dos seus trabalhadores”.
“Conjuntamente, poderão ser encontradas oportunidades de realização de atividade física, supervisionada por profissionais da área, a custos acessíveis, para diferentes grupos, como será o caso de situações de obesidade ou de desfavorecimento social”. Isto em articulação com clubes da área da Atividade Física e Associações Desportivas.
Quantas pessoas praticam atividade física? E com que regularidade?
Mas para que as estratégias de intervenção “possam ser eficazmente definidas”, os peritos da DGS sublinham que “é fundamental conhecer a realidade relacionada com a prática da atividade física em Portugal, nomeadamente a prevalência das pessoas que a realizam, com que regularidade, durante quanto tempo, tipos de atividade física preferidos, dificuldades detetadas, assim como as razões que condicionam as pessoas a não realizar atividade física”.
Conhecer estes dados, segmentados por grupo etário, sexo, nível escolar, profissão, região, eventuais morbilidades, entre outros, é crucial para se encontrarem as metodologias adequadas, que tornem eficazes as ações a desenvolver e permitam, sempre que necessário, a sua adaptação ao longo do tempo”.
E para isso poderão, diz a DGS, ser criadas parcerias com centros de investigação, no sentido de “identificar eventuais barreiras que dificultem a prática de atividade física na comunidade”, “determinar as razões que possam condicionar as pessoas para a prática de atividade física”, “verificar os efeitos sociais e económicos decorrentes da inatividade física, bem como a relação entre a saúde e a atividade física”.
A ideia é também poder “detetar projetos relacionados com a Promoção da Atividade Física para se proceder à compilação de um conjunto importante de informação sobre as boas práticas e a evidência que lhe esteja associada” e até “recolher, analisar e avaliar projetos já existentes, no sentido da sua replicação ou adaptação”, lê-se no documento apresentado esta segunda-feira.