O Papa Francisco vai estar na Suécia a 31 de outubro e 1 de novembro para assinalar os 500 anos da Reforma Protestante. O líder da Igreja Católica vai estar lado a lado com o presidente da Federação Luterana Mundial, Munib Younan, para presidir às comemorações. Trata-se da 17.ª viagem internacional de Francisco, e o itinerário passa pelas cidades de Lund e Malmö.

Além dos 500 anos do movimento reformista liderado por Martinho Lutero, este ano assinala ainda os 50 anos de diálogo entre católicos e luteranos, começado logo após o Concílio Vaticano II. A viagem de Francisco terá como lema “Do Conflito à Comunhão”, e terá um sinal bem visível de comunhão entre católicos e luteranos: em vez do tradicional papamóvel, o Papa vai deslocar-se entre Lund e Malmö num autocarro, ao lado de Munib Younan. “É um sinal ecuménico, de viajar juntos”, considera Greg Burke, líder da Sala de Imprensa do Vaticano.

No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero contestou grande parte dos dogmas da Igreja Católica Romana, e apresentou um documento que ficou conhecido como “As 95 Teses de Lutero”, onde apresentou argumentos para o debate sobre as verdades do Cristianismo. Esse documento inspirou o nascimento de diversas Igrejas Protestantes. Durante quase cinco séculos, católicos romanos e protestantes estiveram de costas voltadas.

O espaço para o diálogo foi aberto após o Concílio Vaticano II, que terminou em 1965, e teve um momento alto em 1989, com a visita de São João Paulo II aos países nórdicos. Na Suécia, o então Sumo Pontífice pediu a protestantes e a católicos que rezassem pela unidade dos cristãos. O mesmo fez Bento XVI, em 2011, quando, numa visita à Alemanha, passou pela terra natal de Lutero.

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O Papa Francisco prepara-se agora para dar um passo significativo neste diálogo ao, pela primeira vez, promover uma celebração em conjunta, presidida simultaneamente por ele e por Munib Younan, para católicos e protestantes.

A visita à Suécia vai contar com dois encontros ecuménicos. Um na Catedral de Lund, com discursos dos dois líderes religiosos, e outro no estádio de Malmö, em que serão debatidos temas como a resposta à crise dos refugiados. No dia 1 de novembro, o Papa Francisco preside à celebração da Festa de Todos os Santos, com a comunidade católica da Suécia.

O cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, já veio sublinhar a importância deste encontro. “Lutero não queria dividir a Igreja. Queria reformar a Igreja Católica, mas naquele momento não era possível, e deu lugar à divisão dos cristãos e a terríveis guerras de religião”, explicou, na quarta-feira, em conferência de imprensa.

O secretário-geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, explicou, na mesma conferência de imprensa, que “é muito gratificante contar com a presença do Papa Francisco na Suécia”, destacando que o Papa “está a dar continuidade ao caminho ecuménico empreendido pelos seus predecessores”.