O Governo sírio já terá estabelecido o controlo do leste de Aleppo, após o cessar-fogo ter sido alcançado. “As atividades militares em Aleppo pararam. Portanto, não há dúvida sobre o cessar das hostilidades” disse Vitaly Churkin, o embaixador da Rússia na ONU. A BBC confirma que nas últimas horas não houve qualquer indício de conflito. Os civis já festejam nas ruas.
Os rebeldes enviaram mensagens de telemóvel aos residentes da cidade de Aleppo, a norte da Síria, a anunciar o cessar-fogo. O acordo foi feito entre a Rússia e a Turquia (aliadas da Síria) e os rebeldes que estão no controlo de Aleppo. Vitaly Churkin afirmou que os rebeldes “vão-se embora” nas próximas horas. Numa reviravolta inesperada, Bashar al-Assad controla agora a cidade síria quase na totalidade e os militares prepararam aquela que poderá ser a “ofensiva final” contra os rebeldes que não respeitem o acordo.
O Aleppo Media Center (AMC) publicou uma nota no Facebook a dar conta do cessar-fogo referindo que está a ser preparada “a evacuação dos civis das áreas controladas através de corredores humanitários“. Os civis e as fações militares serão transportados em autocarros para a zona oeste ou para a província vizinha de Idleb, a noroeste. O plano prevê primeiro a retirada dos feridos e dos civis e, depois, dos combatentes com armas ligeiras. Os últimos números indicam que nas zonas controladas pelos rebeldes, em Aleppo, restavam 1.500 combatentes — uma minoria de apoiantes da Frente para a Conquista do Levante (anteriormente ligada à Al-Qaeda) — e menos de 50.000 civis.
A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, pediu que os “observadores internacionais independentes” sejam destacados para Aleppo para supervisionar a retirada dos civis com toda a segurança. Os civis têm medo “de serem abatidos na rua ou de serem levados para um dos ‘gulags’ [campos de trabalho] de Assad”, cita a Lusa. A ONU quer ter acesso ilimitado à zona leste de Aleppo para confirmar o alegado fim do combate que pode possibilitar as negociações de paz, depois de quatro anos de guerra civil.
Esta terça-feira à tarde, pelas 17h00 de Lisboa, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) juntou-se para uma reunião de emergência em resposta ao conflito em Aleppo — após os relatos da morte de 82 civis e de mais de 100 crianças encurraladas por bombardeamento pelas forças sírias. Os civis, assustados, começaram a fazer vídeos de despedida e a publica-los nas redes sociais. A ONU considera o conflito sírio “o colapso da humanidade” e António Guterres diz ser “uma guerra em que ninguém ganha, todos perdem“.
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