Continuam as investigações da justiça alemã quanto a possíveis casos de fraude e manipulação dos valores das emissões na indústria automóvel. Desta feita, tendo como alvo alguns funcionários do Grupo Daimler, proprietário de marcas como a Mercedes-Benz ou a Smart. Os quais, desconfiam as autoridades, poderão ter sido protagonistas não só de fraude no âmbito das emissões, como também de publicidade falsa.

A informação terá sido prestada à Bloomberg por uma fonte não identificada, mas familiarizada com todo o processo, tendo sido, entretanto, também já confirmada por um porta-voz da Procuradoria de Estugarda, embora sem revelar mais pormenores.

A Daimler afirma estar a colaborar totalmente com as autoridades nas investigações, recusando-se, no entanto, a fazer mais comentários com base no facto de o processo estar ainda a decorrer. Mas a empresa lembra que quer o Ministério dos Transportes da Alemanha, quer a autoridade responsável pela homologação dos veículos, levaram já a cabo testes às emissões das viaturas do grupo, não tendo sido encontradas quaisquer situações ilegais.

Apesar da declaração agora proferida, o jornal alemão Die Zeit noticiou que alguns motores a gasóleo fabricados pela Daimler terão sido manipulados, de forma a passarem nos testes às emissões. Situação que, acrescenta o mesmo periódico, terá sido comunicada às autoridades de Estugarda por um funcionário da companhia. Confrontado com este depoimento, o fabricante alemão terá declinado fazer qualquer comentário sobre o assunto.

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O cerco aperta-se

Os fabricantes automóveis têm estado sob a mira das autoridades em praticamente toda a Europa, depois do despoletar do escândalo das emissões envolvendo a também alemã Volkswagen. Marca que acabou por assumir, em Setembro de 2015, ter instalado dispositivos que mascaravam o nível de emissões, quando em situações de teste, em cerca de 11 milhões dos seus veículos.

Agora, as autoridades procuram apurar igualmente até que ponto os dispositivos utilizados de forma quase generalizada pela indústria automóvel, e que inibem o controlo das emissões, para proteger os motores a partir do momento em que estes ultrapassam uma determinada temperatura, são, ou não, ilegais.

Quanto à principal marca do Grupo Daimler, a Mercedes-Benz, concordou, ainda em Abril do ano passado, em promover um recall na Europa, com o objectivo de reajustar os valores do controlo de temperatura dos motores diesel. Isto, já depois do regulador alemão ter levado a cabo testes às emissões dos veículos não só da Mercedes, mas também da Volkswagen, Audi, Porsche e Opel. Procurando responder assim também a alguns grupos ambientais alemães, que alegavam que os carros a gasóleo da marca de Estugarda ultrapassavam os limites impostos em termos de emissões. Algo que a companhia refutou de imediato.

Entretanto, e ainda na Alemanha, procuradores de três cidades têm vindo a investigar os fabricantes automóveis germânicos sobre a questão das emissões. Em Braunschweig, funcionários da Volkswagen estão sob o foco das autoridades há já cerca de dois anos. Em Munique, foram efectuadas, na última semana, buscas em instalações da Audi, à procura de provas que possam confirmar o envolvimento desta marca na fraude. E, em Estugarda, a Procuradoria está a investigar, desde Dezembro de 2015, vários funcionários do fornecedor Robert Bosch, sobre uma possível participação dos mesmos na fraude das emissões. A Daimler é, segundo a Automotive News, a segunda empresa a ser alvo da acção das autoridades desta cidade bávara, no âmbito deste mesmo caso.