A organização anti-corrupção Transparency International pediu este domingo aos Governos da União Europeia (UE) para agirem contra o sigilo financeiro para pôr fim à lavagem de dinheiro e à evasão fiscal, após novas revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

“A Transparency International EU apela aos Governos europeus para que tomem ação imediata para acabar com este tipo de sigilo que permite que a corrupção floresça”, declarou a organização não-governamental (ONG) em comunicado.

A nova investigação Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), denominada de Paradise Papers, divulgou mais de 13,4 milhões de documentos, incluindo pormenores sobre como a coroa britânica, conselheiros do Presidente norte-americano, Donald Trump, e empresas multinacionais como a gigante mineira Glencore estão entre os mais ricos do mundo que têm usado estruturas offshore (paraísos fiscais) para contornar as suas obrigações fiscais ou fazer pagamentos questionáveis.

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No comunicado, a ONG referiu que embora a Comissão Europeia tenha proposto legislação que revelaria ao público informação sobre empresas e transações em paraísos fiscais, “os Governos europeus têm-se mostrado relutantes em dar a sua aprovação”.

“Governos da União Europeia como o da Alemanha têm-se erguido contra o crescente movimento a favor da transparência financeira [e] esta última fuga de informação demonstra que, na era digital, a transparência é inevitável, a única opção consiste em controlar ou não o fluxo da informação”, defendeu o diretor da Transparency International EU, Carl Dolan, citado no texto.

“Após os Panama Papers (primeira investigação sobre offshores), a Comissão Europeia entrou em ação, mas falta ainda as capitais nacionais assinarem duas das propostas da UE que poderiam ajudar a fazer luz sobre este tipo de lavagem de dinheiro e evasão fiscal”, frisou Dolan.

“Há muito tempo que a Transparency International EU pede dois instrumentos que poderiam dar à opinião pública um melhor entendimento do uso das estruturas offshore, nomeadamente relatórios públicos por país, exigir às multinacionais a divulgação de dados financeiros essenciais sobre cada país onde operam (incluindo paraísos fiscais) e uma benéfica transparência quanto à propriedade, para pôr fim a empresas e fundações anónimas e tornar mais difícil aos corruptos esconderem bens roubados”, insistiu a ONG.