“Ficámos super felizes, principalmente as pessoas que estiveram envolvidas no projeto”. Foi assim que o Centro para Excelência e Inovação da Indústria Automóvel (CEiiA), em Matosinhos, recebeu a notícia que Matt Damon, galardoado com um Oscar da academia, conduziria um carro desenvolvido e desenhado por portugueses no “Pequena Grande Vida”, o mais recente filme de Alexander Payne, desde quinta-feira aos cinemas.

Foi há nove anos que uma equipa de 23 engenheiros portugueses acabou o projeto do pequeno carro eléctrico. Mas como é que este microcarro — que nas jantes tem a Cruz de Cristo (sim, a mesma das caravelas portuguesas) — chegou ao grande ecrã?

“Para o CEiiA isto tem especial significado, é muito importante para nos dar força e ambicionar desenvolver veículos que possam ser a mobilidade do futuro”, conta ao Observador Helena Silva, diretora técnica do CEiiA.

“Este projeto foi a nossa entrada na mobilidade eléctrica com um contrato que ganhámos internacionalmente em 2008”, acrescenta a diretora técnica. Na altura, Helena Silva era membro do conselho consultivo do CEiiA e foi uma das responsáveis pela coordenação da equipa de 23 engenheiros e seis designers portugueses que tinham a seu cargo redesenhar o Buddy (“companheiro”, em português), um icónico carro eléctrico norueguês que desde 1991 se tornou símbolo de sustentabilidade nas estradas.

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O carro pode ser visto neste trailer como o meio de transporte utilizado na cidade fictícia do filme “Pequena Grande Vida”.

“Tivemos muito trabalho para aumentar a segurança do veículo e pelo caminho integrámos muitas empresas nacionais, como, por exemplo, a IETA e a IPTEX”, conta a executiva do CEiiA. Como missão para redesenhar o carro estava a ideia de “criar um icon de sustentabilidade que fosse do ponto A para o ponto B com baixo custo”.

O símbolo português da Ordem de Cristo nas jantes fez parte da missão do CEiiA de “posicionar Portugal como referência da indústria da mobilidade”. O objetivo foi “tatuar a identidade portuguesa” em algo que é utilizado em países de todo o mundo, explica Helena Silva.

Desde 2009 que a empresa não trabalha com a Buddy Electric, mas o CEiiA espera que com este destaque do Buddy no cinema “surjam novas oportunidades para trabalharem em conjunto”. Foi depois de terem completado com sucesso este primeiro projecto de mobilidade eléctrica que o CEiiA arrancou para outros projectos. Como exemplo explica que um dos projectos mais recentes do CEiiA, um carro drone com o nome Flow.me, é fruto do trabalho começado com o projeto do Buddy.

O Buddy e um mini Matt Damon

O Buddy é a sexta geração de um carro elétrico criado na Dinamarca que no início do novo milénio passou a ser feito na Noruega, país onde é maioritariamente vendido. O modelo mais recente foi finalizado em 2009, em Portugal.

Com três lugares para passageiros, cabe em estacionamento paralelos de qualquer forma (de lado ou de frente para trás). Tem autonomia para entre 20 e 60 quilómetros, dependendo da temperatura e como e onde é utilizado. A velocidade máxima, a pensar nas cidades, é de 80 quilómetros por hora, mas tem a grande vantagem de poder ser carregado através de uma tomada eléctrica normal.

Buddy no filme “Pequena Grande Vida”

O carro aparece no filme “Pequena Grande Vida”, uma história que em que as personagens Matt Damon e Kristen Wiig passam a ter 13 centímetros para viverem numa cidade em ponto pequeno criada por cientistas noruegueses para resolver o problema de excesso de população na Terra. O Buddy é utilizado como exemplo de sustentabilidade em tamanho mini para uma mobilidade mais racional nas cidades modernas.