O Ministério da Defesa espanhol anunciou que vai colocar a bandeira do país a meia haste durante três dias da Semana Santa para assinalar a morte de Jesus Cristo. Além da entidade governamental, também as unidades e bases militares, assim como os quartéis, estão incluídos na decisão. É uma tradição com algumas décadas que só teve como exceção os anos de 2010 e 2011 (e apenas no Ministério).

A bandeira amarela e vermelha vai estar a meia haste desde as 14:00 (hora espanhola) desta quinta-feira, dia 29 – quando se assinala a Última Ceia – até às 00:01 de domingo de Páscoa, dia 1 de abril, quando se assinala a ressurreição de Jesus Cristo. A ministra da Defesa espanhola, María Dolores de Cospedal, explicou que a colocação da bandeira a meia haste em determinadas datas “faz parte da tradição secular dos exércitos, que está integrada na normalidade dos atos do regime anterior que se celebram nas unidades militares”, referindo-se à ditadura de Francisco Franco.

Os militares do Exército espanhol vão participar durante a Semana Santa em mais de 200 atos institucionais, religiosos e culturais.

Em 2017, por altura da Páscoa, o El País explicava que o Tribunal Constitucional espanhol emitiu uma resolução em que defende que a presença das Forças Armadas em atos religiosos na Semana Santa “não entra em contradição com o caráter laico do Estado espanhol”.

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Quando uma tradição religiosa se encontra integrada no conjunto do tecido social de um determinado coletivo, não faz sentido sustentar que através dela os poderes públicos pretendam transmitir um apoio ou adesão a postulados religiosos”, explica o documento do Tribunal Constitucional, datado de 2011.

O Ministério da Defesa advoga, por sua vez, que a participação de militares em atos públicos de caráter religioso é “completamente voluntária”.

Joan Tardà, deputado da Esquerda Republicana da Catalunha no Congresso catalão, aproveitou a situação para atirar uma farpa à ministra da Defesa e ao Governo de Mariano Rajoy. No Twitter, o político perguntou a María Dolores de Cospedal se estava “consciente de que Jesus foi condenado por rebelião”, numa alusão à condenação dos separatistas catalães pelo mesmo crime.