Há quem jure a pés juntos que Elvis Presley não morreu e vive algures numa casa recôndita no Estado do Texas. Tal como há quem acredite que John F. Kennedy foi assassinado pela CIA a mando de Lyndon Johnson. E ainda há quem jure que a chegada do homem à Lua não passou de uma cena encenada num qualquer estúdio de Los Angeles.

Teorias da conspiração há muitas. Mas aquela que será a maior de todas, transversal a praticamente todos os países e gerações, tem a ver com a morte de Hitler. Os livros de História contam-nos que o ditador alemão se suicidou no dia 30 de abril de 1945, em Berlim, quando se apercebeu de que a cidade seria tomada pelos Aliados. Mas, para alguns, a morte de Hitler não poderia ser algo tão aparentemente simples. As teorias proliferaram: o líder nazi tinha fugido para a Argentina a bordo de um submarino, tinha escapado para uma base oculta na Antártida ou então tinha ido para o lado obscuro da Lua.

Agora, em 2018, 73 anos depois da morte de Adolf Hitler, uma equipa de investigadores franceses confirmou a versão que os livros de História nos contaram. Os restos mortais do ditador alemão – que estão guardados em Moscovo desde o final da 2.ª Guerra Mundial – foram analisados pela primeira vez desde 1946. Entre março e julho de 2017, o Arquivo Estatal e os serviços secretos russos autorizaram a consulta e análise dos ossos de Hitler por parte da equipa francesa.

No estudo, agora publicado no European Journal of Internal Medicine, os investigadores concluem que Adolf Hitler se suicidou mesmo naquele 30 de abril de 1945, num bunker em Berlim, em conjunto com a companheira, Eva Braun. Analisaram um pedaço de crânio onde era visível um buraco no lado esquerdo da cabeça, coincidente com aquele que seria causado por uma bala. Os cientistas franceses asseguram que a morfologia do fragmento é “totalmente compatível” com as radiografias cranianas que Hitler realizou em 1944, um ano antes da sua morte.

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Os dentes são autênticos.  Não há qualquer dúvida. O nosso estudo prova que Hitler morreu em 1945. Agora podemos colocar um ponto final em todas as teorias da conspiração sobre Hitler”, afirmou Philippe Charlier, coautor da investigação, ao ABC.

Ao analisar os dentes do ditador alemão – em conjunto com várias próteses dentárias que Hitler usava -, os investigadores encontraram vestígios de tártaro mas nenhum de carne: a prova de que Hitler era mesmo vegetariano. O estudo termina ainda com uma das principais dúvidas sobre a morte do líder nazi. Ainda que a ideia generalizada seja a de que Hitler se matou com um tiro, muitas investigações ao longo dos anos apontavam para a hipótese de o ditador se ter suicidado através de envenenamento por cianeto.

“Não estávamos seguros sobre se tinha utilizado uma ampola de cianeto para se suicidar ou se o fez com um disparo na cabeça. Agora sabemos que existe toda a probabilidade de que tenha feito as duas coisas”, esclareceu Philippe Charlier.

A análise aos dentes também não encontrou qualquer vestígio de pólvora, o que quer dizer que Hitler não se suicidou com um tiro na boca mas sim na cabeça. Além disso, as manchas azuladas encontradas nas próteses devem ser resultado de uma reação química entre o cianeto e o metal das próprias próteses.