Portugal ainda não sabe se vai enviar para a Grécia a ajuda disponibilizada para o combate aos incêndios dos últimos dias. O ministro da Administração Interna tinha dado como certo que 50 elementos da Força Especial de Bombeiros (FEB) viajariam de imediato para as zonas mais afetadas pelos fogos, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Esta terça-feira, à margem da partida da missão portuguesa para a Suécia, também para ajudar a combater fogos, Eduardo Cabrita anunciou que foi feita “uma avaliação com grande urgência, compreendendo a situação dramática que está a acontecer na Grécia” e acrescentou: “A decisão operacional e política está tomada, foi já comunicada ao mecanismo europeu de Proteção Civil. Estamos neste momento a tratar das questões logísticas e [os bombeiros] partirão entre hoje e amanhã [quarta-feira]“. Mas precipitou-se: quando fez o anúncio, o ministro ainda não tinha a resposta das autoridades gregas — e continua a não ter. 

https://observador.pt/videos/atualidade/as-imagens-aereas-que-mostram-o-rasto-de-destruicao-deixado-pelos-incendios-na-grecia/

Na verdade, o que Portugal fez foi apenas oferecer a ajuda, em resposta ao pedido feito pelo mecanismo europeu. É assim que funciona sempre, em casos como este: através da Comissão Europeia, os países em dificuldades pedem ajuda, indicando, eventualmente, os meios de que estão a precisar. Os outros Estados-membros avaliam a própria capacidade de resposta e comunicam quais os meios (humanos ou materiais) que podem pôr à disposição (no caso português, foi um módulo terrestre de 50 elementos da FEB). Cabe, depois, ao país que pede ajuda a decisão de escolher entre as ofertas, conforme forem mais adequadas para a estratégia e as necessidades das operações de combate. Até por uma razão prática: receber meios de outros países acrescenta trabalho à gestão logística — é, por isso, essencial ter apenas os meios necessários e onde são necessários, sem duplicação de tarefas ou desorganização, que pode dificultar os trabalhos, em vez de ajudar.

Fontes ouvidas pelo Observador explicam que, além disso, a avaliação das necessidades, em casos de catástrofe, também é feita de forma contínua, ao longo do tempo. Ainda mais quando se trata de incêndios, um fenómeno que não é estático e que, por isso, vai exigindo meios diferentes e mudanças de estratégia. O que significa que as necessidades encontradas num dia podem mudar no dia seguinte e fazer mudar também os pedidos de ajuda. Acresce que, para o mesmo pedido, pode haver várias ofertas de auxílio e cabe às autoridades locais escolherem a que for mais apropriada (por proximidade geográfica e rapidez na chegada dos meios, por exemplo).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

81 mortos e 187 feridos. Mais de mil casas ainda não foram verificadas e o incêndio já foi extinto

Será essa a avaliação que a Grécia estará ainda a fazer. Contactado pelo Observador, o Ministério da Administração Interna explicou apenas que Portugal continua à espera da resposta à disponibilização de meios, tal como fez em relação à Suécia.

Os incêndios de consequências dramáticas dos últimos dias estarão agora mais controlados e numa zona mais circunscrita, fazendo adivinhar uma maior capacidade de controlo com os meios que já lá estão (e que chegaram entretanto, com a ajuda internacional). A equipa de Canarinhos, indicada pelo Governo português, continua pronta para partir para a Grécia, se necessário.

“Canarinhos”. Os bombeiros de elite que Portugal ofereceu à Grécia