Pablo Iglesias e Irene Montero, ambos dirigentes do Podemos, escreveram uma carta aberta conjunta, no Facebook, onde agradecem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) espanhol pelos serviços prestados no cuidado aos seus filhos prematuros, Leo e Manuel, que nasceram em julho passado, com apenas seis meses de gestação. Os elogios e agradecimentos de Iglesias e Montero estendem-se até aos reis de Espanha e aos seus “rivais políticos” que “perguntaram com frequência como estávamos”. “Ensinaremos sempre os nossos filhos a serem respeitadores perante aqueles que pensam de forma diferente, porque a humanidade, a decência e a amizade não são património exclusivo de nenhuma causa”, dizem.

Na carta, dirigida a “quem nos tem acompanhado”, Pablo Iglesias e Irene Montero escrevem sobre a dificuldade que é lidar com a prematuridade, mas também sobre a “sorte” que é viver num “país que tem algo muito mais importante do que qualquer hino ou bandeira: um sistema de saúde universal”. “Vamos dizer-lhes que nada merece mais lealdade do que isso. A vida e a saúde deles não são apenas o resultado dos avanços médicos e científicos, mas também de uma sociedade que garante os melhores cuidados para todas as pessoas independentemente da sua posição social. Poucas crianças receberiam o que precisam e merecem se a saúde estivesse sujeita às leis da oferta e da procura. Por isso vamos explicar-lhes porque vamos sempre ser leais àquilo que lhes permitiu viver: o bem comum”, lê-se.

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Leo e Manuel nasceram no dia 3 de julho, no hospital madrileno Gregorio Marañon, com apenas seis meses de gestação, e Pablo Iglesias, secretário-geral do partido de esquerda Podemos, e Irene Montero, porta-voz da coligação Unidos Podemos no Congresso espanhol, agradecem agora a toda a equipa médica e de enfermagem que os tem assistido ao longo destes dois meses — “o pior já passou”. Pablo Iglesias regressou esta semana à atividade política depois de dois meses de ausência, presidindo pela primeira vez em dois meses à reunião da comissão executiva do Podemos. Iglesias e Montero, de acordo com o El País, decidiram repartir em partes iguais o tempo de licença que podem gozar devido à maternidade/paternidade. O pai foi o primeiro a regressar ao trabalho, voltando depois a ausentar-se para a mãe regressar à vida política.

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Depois de agradecerem, um por um, aos médicos e enfermeiros que os ajudaram não só com os cuidados médicos como também com palavras e “mimos” — “Só as mães e pais das crianças que, como os nossos, passaram por uma unidade de cuidados intensivos, sabem o que significam os mimos e carícias que recebem os prematuros” –, os dois dirigentes agradeceram também aos militantes do Podemos, aos seus “rivais políticos”, e ainda aos reis de Espanha, embora Pablo e Irene sejam “republicanos”.

“Também não esqueceremos que algumas das palavras mais lindas, alguns dos abraços mais sinceros, algumas das dicas mais rentáveis, vieram dos nossos adversários políticos”, começam por dizer. “Somos republicanos, mas vamos lembrar-nos sempre que um rei e uma rainha perguntaram pelos nossos filhos, e que todos os nossos rivais políticos perguntaram com frequência como eles estavam. Somos ateus, mas explicaremos aos nossos filhos que os nossos amigos crentes rezaram por eles”, afirmam ainda, para concluírem por fim que “a humanidade, a decência e a amizade não são património exclusivo de nenhuma causa” política ou religiosa.

Pedro Sánchez, chefe do governo espanhol e líder do partido socialista PSOE, apressou-se a retribuir o agradecimento e o elogio. No Twitter, escreveu que ficou “emocionado” com a luta de Pablo Iglesias e Irene Montero, que é a luta “de tantos pais e mães de bebés prematuros”. “É na defesa do bem comum e na admiração pelos profissionais de saúde pública que nos encontramos”, diz, sublinhando aquilo que os aproxima não obstante as diferenças políticas.