O governador de Porto Rico reafirmou esta quinta-feira o balanço oficial de três mil mortos devido à passagem do furacão Maria, há um ano, e pediu respeito pelas vítimas, depois de o Presidente dos Estados Unidos ter questionado este número. Donald Trump negou esta quinta-feira o balanço oficial da passagem do Maria e acusou o Partido Democrata de inflacionar o número para o prejudicar.
“As vítimas de Porto Rico e a população de Porto Rico em geral não merecem que a sua dor seja questionada”, escreveu o governador, Ricardo Rossello, no Facebook. “Não é o momento para conflitos, para ruído político, para usar estas coisas em benefício de um partido ou outro. É o momento de lembrar todos os que perderam a vida. É o momento de reconhecer a dor e o sacrifício que todos fizeram pela recuperação”, acrescentou. Rossello disse também que aceita o balanço de 2.975 mortos estabelecido por um estudo independente, afirmando que o processo foi “conduzido corretamente”.
A presidente da câmara de San Juan, capital de Porto Rico, reagiu com palavras mais fortes, escrevendo, numa série de ‘tweets’, que Trump está “delirante” e recusando a politização da tragédia. “Simplificando: delirante, paranoico e alheado de qualquer sentido da realidade. Trump é tão vaidoso que pensa que isto é sobre ele. NÃO, NÃO É”, escreveu Carmen Yulin Cruz. “Isto NÃO é sobre política, isto foi sempre sobre SALVAR VIDAS”, acrescentou a responsável, que nos últimos meses se envolveu várias vezes em trocas de acusações com Trump, que responsabiliza pela resposta lenta e desadequada ao furacão.
Numa altura em que os Estados Unidos se preparam para a chegada de um furacão potencialmente devastador, o Florence, Donald Trump questionou esta quinta-feira o balanço oficial de três mil mortos da passagem do furacão Maria por Porto Rico há um ano. “Não morreram três mil pessoas nos dois furacões que atingiram Porto Rico. Quando eu saí da ilha, DEPOIS da tempestade, tinham qualquer coisa entre 6 e 18 mortes. Depois, muito tempo depois, começaram a dar números muito grandes, como três mil”, escreveu Trump no Twitter.
3000 people did not die in the two hurricanes that hit Puerto Rico. When I left the Island, AFTER the storm had hit, they had anywhere from 6 to 18 deaths. As time went by it did not go up by much. Then, a long time later, they started to report really large numbers, like 3000…
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 13, 2018
Isto foi feito pelos Democratas para me fazer parecer o pior possível depois de eu conseguir angariar milhares de milhões de dólares para reconstruir Porto Rico”, escreveu noutro ‘tweet’, sugerindo que o último balanço inclui pessoas que morreram de causas naturais, como idade avançada.
O balanço oficial de três mil mortos foi anunciado em finais de agosto pelo governador daquele território dos Estados Unidos. O balanço anterior era de 64 mortos, mas um estudo independente estabeleceu o balanço em 2.975 mortos. O estudo foi realizado pelo Instituto Milken de Saúde Pública da Universidade George Washington a pedido das autoridades porto-riquenhas.
Os investigadores concluíram que o balanço inicial de 64 mortos apenas incluía as mortes diretamente provocadas pelos furacões Irma e Maria, ou seja, as pessoas que se afogaram ou foram atingidas por destroços ou derrocadas de edifícios. O estudo da Universidade George Washington contabilizou também as pessoas que morreram nos seis meses seguintes em consequência de falta de cuidados de saúde e doenças provocadas pela falta de água potável ou de eletricidade.
Face a estas acusações, a universidade responsável pelo novo balanço de mortos emitiu um comunicado onde afirma que tem “confiança na ciência subjacente ao estudo, que descobriu que haveria cerca de 2.975 mortos em Porto Rico, depois do furacão Maria”.