O presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou este sábado que o partido vai continuar a lutar contra a despenalização da eutanásia e defendeu que deve ser dada voz aos portugueses sobre a matéria, através de um referendo.

Em Amares, distrito de Braga, onde visitou o Festival do Sarrabulho, Rodrigues dos Santos considerou que “falta legitimidade política” aos partidos que propuseram a despenalização da eutanásia, por o assunto não constar dos seus programas eleitorais.

“O papel do Estado é cuidar e não matar (…). Não queremos um Estado que permita a morte assistida nem que assista à morte”, referiu o líder centrista, para sublinhar que a aposta deve incidir na melhoria do Serviço Nacional de Saúde.

Francisco Rodrigues dos Santos frisou que, nesta questão, há uma terceira via.

“Não existem apenas duas opções: ou sofrer ou morrer. Há uma terceira via: viver com dignidade”, defendeu.

A Assembleia da República aprovou na quinta-feira na generalidade os cinco projetos para a despenalização da morte medicamente assistida.

O líder do CDS diz que é uma “irrazoabilidade” achar-se que a consciência de 230 deputados vale mais do que a consciência de todos os eleitores portugueses e quer que, em sede de debate na especialidade, haja uma discussão “informada e esclarecida”, que envolva, nomeadamente, profissionais de saúde e ordens profissionais”.

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Sobre a postura futura do CDS, Rodrigues dos Santos recorreu à “Trova do vento que passa”, cantado por Adriano Correia de Oliveira, para deixar claro que o partido não deixará de lutar contra a eutanásia.

“O CDS vai continuar a resistir, a luta continua. Como diria Adriano Correia de Oliveira, na ‘Trova do vento que passa’, ‘mesmo na noite mais triste, em tempos de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não'”, afirmou.

Até porque, acrescentou, o CDS considera que a eutanásia viola a Constituição.

“Está postulado no artigo 24 que a vida humana é inviolável e no artigo 2 que é proibida a pena de morte em Portugal”, explicou.

“Trova do Vento que Passa” é uma canção composta por António Portugal, sobre o poema homónimo de Manuel Alegre, em plena ditadura, em 1963, celebrizada por Adriano Correia de Oliveira, no EP homónimo, editado no mesmo ano.

Mais tarde daria título a uma coletânea do cantor, publicada em LP, pela editora Orfeu.