A Aston Martin atravessa momentos difíceis. Apesar dos excelentes veículos que fabrica, os grandes investimentos realizados na concepção do SUV, aliados aos atrasos na sua produção, expuseram a capacidade financeira do construtor. Não que falte potencial ao DBX – assim se chama o possante SUV com ar de coupé –, mas enquanto não começarem as entregas a clientes, não entra o “vil metal” nos cofres do fabricante.

Também não contribuiu para o fôlego financeiro da marca inglesa o forte investimento realizado para conceber e produzir os hiperdesportivos Valkyrie e Valhalla, o primeiro com 1176 cv e o segundo com “apenas” 1000 cv. O Valkyrie estava previsto ser entregue em Dezembro, mas até agora nada, o que significa que não entraram em caixa cerca de 430 milhões de euros, fruto das 150 unidades (todas vendidas) a 2,86 milhões cada.

Mas o “problema” mais recente da Aston Martin tem a ver com as consequências da quebra do valor das acções. O fabricante inglês beneficiou de uma injecção de ânimo (e de capital) com a entrada do canadiano Lawrence Stroll, liderando um fundo de investimento que injectou 318 milhões de libras e adquiriu 16,7% do construtor por 182 milhões de libras (cerca de 200 milhões de euros). Sucede que esta operação ocorreu quando cada título era transaccionado por 4,97 libras (5,45€). Mas, com a crise provocada pelo coronavírus, a acções da Aston Marton continuaram a cair, como se enfermassem elas mesmo de uma doença, passando a estar cotadas a 2,25 libras. Esta redução do valor da empresa britânica para menos de 50% permitiu que  Stroll passasse a deter 25% do fabricante, incrementando a sua participação, sem que a Aston Martin beneficiasse do correspondente reforço do capital. E como a crise da Covid-19 se espera que piore nos próximos meses, é bem possível que Stroll ainda veja aumentar substancialmente a sua quota na empresa inglesa.

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