A Covid-19 está a obrigar os fabricantes automóveis a tomar decisões com vista à saída da crise. Recorrer ao crédito pode ser uma opção, mas despedir também. O CEO da Volkswagen admite que se avizinham tempos muito complicados para a sobrevivência dos construtores. Numa entrevista ao canal televisivo alemão ZDL, Herbert Diess, avançou um número: 2000 milhões de euros. É quanto gasta semanalmente a Volkswagen, numa altura em que o grupo tem a maioria das fábricas fechadas e as vendas estão a cair a pique em praticamente todos os mercados, devido ao novo coronavírus.
Como uma situação deste tipo, prolongada no tempo, condena qualquer negócio à falência, há que tomar medidas para garantir a viabilidade. Diess não afirma que vai haver despedimentos, mas também não coloca essa hipótese fora de questão. Segundo o CEO, superar a crise sem perda de empregos só será possível “controlando o problema”, à semelhança daquilo que aconteceu na Coreia e na China. Sucede que, segundo ele, a própria cultura fabril alemã não é tão disciplinada quanto a chinesa, onde a Volkswagen já retomou a produção de veículos. Na China, 29 das 33 fábricas da Volkswagen voltaram ao trabalho, mas a produção corresponde a metade do volume antes da pandemia.
O conglomerado germânico emprega 671.000 pessoas e possui 124 fábricas em todo o mundo, 72 das quais na Europa e, entre essas, 28 concentram-se na Alemanha. A produção europeia foi suspensa no início de Março devido à pandemia, estando agora a ser gizado um plano para o regresso à actividade, por via de procedimentos higiénico-sanitário reforçados, com ênfase na desinfecção dos espaços e na manutenção de uma distância “segura” entre trabalhadores, de forma a evitar eventuais contágios.
Por seu turno, o director financeiro da Volkswagen, Frank Witter, avançou ao jornal alemão Boersen – Zeitung que a marca não sentiu necessidade de recorrer a apoios estatais, mas avança desde já que as vendas em Março baixaram 40%. A mesma fonte adianta ainda que a Volkswagen tem várias fontes de financiamento disponíveis, incluindo a emissão de 15 mil milhões de euros em papel comercial. De acordo com o Financial Times, o CFO da Volkswagen terá pressionado o Banco Central Europeu para comprar dívida de curto prazo, a fim de assegurar a necessária liquidez.