As medidas de confinamento decretadas em março devido à pandemia do novo coronavírus levaram a uma queda abrupta da venda de livros em vários países. Portugal não foi exceção — entre os dias 16 e 22 de março, foi registada uma quebra de 63,3% nas vendas (de 65,8% no valor gerado) em comparação com o mesmo período do ano passado. Nessa semana, a 12.ª de 2020, foram vendidos menos 121,6 mil unidades, o que corresponde a uma quebra de 1,6 milhões de euros no mercado, de acordo com os dados divulgados na altura pela empresa de estudos de mercado Gfk.
Passados sete meses, o cenário melhorou “significativamente”, mas o saldo permanece negativo em relação a 2019. Segundo um novo estudo da Gfk Portugal, feito com base nas vendas de livros em lojas físicas nos primeiros nove meses de 2020, apesar das melhorias, Portugal não foi anda capaz de recuperar do colapso das vendas, que afetaram mais de metade dos países europeus. “Mesmo na fase pós-confinamento”, as vendas permanecem inferiores às do ano passado (-15,8%), adiantou a empresa, sem, porém, especificar o período a que o valor se refere.
De uma maneira geral, o mercado livreiro europeu parece estar a recuperar lentamente do duro golpe sofrido em março. Também segundo a Gfk, que analisou a situação em oito países, incluindo Portugal, na Suíça, “as receitas aumentaram consideravelmente nos últimos meses e as perdas globais chegam agora apenas a 2,9%”. Situação semelhante registaram Itália e Espanha, com perdas que rondam agora os 3% “após terem sido mobilizados esforços no verão para se recuperar o terreno perdido”.
A exceção parece ser a região da Flandes, onde as empresas do setor do livro “passaram pelo período de confinamento relativamente ilesos”. De acordo com a Gfk, “no final de setembro, chegaram mesmo a registar aumentos”.
O Enigma do Quarto 622 é o livro mais popular na Europa
Nos primeiros nove meses do ano, o livro mais popular entre os leitores que residem em países europeus foi, segundo a Gfk Portugal, O Enigma do Quarto 622, de Jöel Dicker, publicado em Portugal em junho, pela Alfaguara. Este chegou a atingir o número 1 nos tops de vendas de França e Portugal, chegando ao número 3 em Portugal.
Outros livros também populares dentro do género de ficção foram Sol da Meia-Noite, o novo romance da autora de Crepúsculo, Stephenie Meyer (Edições ASA), A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante (Relógio d’Água), e A Balada dos Pássaros e das Serpentes, a prequela de Os Jogos da Fome, de Suzanne Collins (Editorial Presença). Na não-ficção, os mais vendidos foram Sapiens – História Breve da Humanidade, de Yuval Noah Harari (Elsinore), e Humankind: A Hopeful History, de Rutger Bregman.