O Papa Francisco encontrou-se este domingo no Iraque com o pai da criança síria Aylan Kurdi, cuja morte em 2015 se tornou num dos maiores símbolos da crise dos refugiados, de acordo com informações divulgadas pelo Vaticano.
O líder da Igreja Católica conversou com Abdullah Kurdi em privado no estádio desportivo de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, onde este domingo celebrou uma missa com milhares de fiéis iraquianos, que encerrou a história viagem do Papa ao Iraque.
“O Papa passou um longo tempo com ele e, com a ajuda do intérprete, pôde ouvir a dor do pai pela perda da sua família e expressar-lhe a sua profunda participação, e do Senhor, no sofrimento do homem”, diz o Vaticano.
“O senhor Abdullah manifestou gratidão ao papa pelas palavras de proximidade perante a sua tragédia e a de todos os migrantes que procuram a compreensão, a paz e a segurança, deixando os seus próprios países e correndo risco de vida” acrescenta o comunicado.
Aylan Kurdi, uma criança de três anos de etnia curda, morreu em 2015 juntamente com a mãe e o irmão, de cinco anos, quando a família síria procurava atravessar o Mediterrâneo em busca de segurança no continente europeu. Só o pai, Abdullah, sobreviveu ao naufrágio da precária embarcação em que a família seguida.
A fotografia do corpo de Aylan Kurdi morto, estendido numa praia da Turquia, transformou-se num símbolo global da crise dos refugiados que na última década têm abandonado o Médio Oriente para procurar segurança na Europa — sobretudo durante a guerra civil da Síria, intensificada pelo terror propagado pelo Estado Islâmico.
O Papa Francisco está no Iraque desde a última sexta-feira, numa viagem histórica que tem como ponto principal da agenda a promoção do diálogo entre culturas e religiões como chave para a paz no Médio Oriente. O líder da Igreja Católica passou por Mossul, lugar onde em 2014 o Estado Islâmico declarou formalmente o início do seu califado de terror, e por Qaraqosh, a maior cidade cristã do país — e um dos principais alvos dos terroristas.
No dia anterior, Francisco reunira-se com o Grande Aiatolá Al-Sistani, o principal líder muçulmano xiita do Iraque. Nesse encontro inédito, os dois líderes religiosos apelaram ao diálogo inter-religioso no país e sublinharam que a paz na região só se pode construir através da coexistência saudável entre cristãos e muçulmanos.