Uma brincadeira que se perdeu na tradução fez com que o primeiro-ministro passasse a batata quente da pandemia em Portugal para o secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg. À pergunta sobre Marcelo Rebelo de Sousa não pretender mais estados de emergência para combater a pandemia, António Costa virou-se para Stoltenberg, sorrindo, perguntou-lhe se queria ser ele a responder àquela. Sem esperar o secretário-geral da NATO desatou a falar da pandemia — da forma mais genérica possível e sem perceber a piada — e ficou para Costa a parte da Bielorrússia, que provocou: “É preciso estar muito fragilizado internamente para desencadear um ato absolutamente inimaginável”.

Já estava feita a condenação nacional ao desvio de um avião comercial pela Bielorrússia, no domingo passado, a pretexto de uma ameaça de bomba para deter o jornalista crítico do regime liderado por Aleksandr Lukashenko, mas o primeiro-ministro quis aproveitar o palco para condenar a “violação dos princípios democráticos e da segurança da aviação civil”.

O caso, lembrou ainda António Costa, mostra como não se pode “ignorar que as ameaças existem e que elas se materializam da forma mais direta e até nestes atos como aconteceu na fronteira [da UE] a Leste”. Minsk “ultrapassou todas as linhas vermelhas”, rematou.

Do lado do seu convidado ouviu também igual condenação e a promessa de “pressão” para uma investigação internacional ao que se passou no domingo. Jens Stoltenberg chama “sequestro” ao que aconteceu comandado pelas autoridades da Bielorrússia e afirmou que a NATO “condena o ataque do regime de Minsk e o atentado aos direitos democráticos e aos meios de comunicação social independentes”.

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O secretário-geral da NATO saudou as sanções europeias à Bielorrússia e exigiu a “libertação imediata do jornalista detido, bem como dos outros prisioneiros políticos do regime de Lukashenko, nomeadamente os cidadãos europeus”. “Tem de haver investigação internacional para este incidente ultrajante”, desafiou, referindo-se ainda ao desvio do avião entre duas capitais europeias.

A situação “revela o quão longe o regime de Lukashenko está disposto a ir no confronto com as forças democráticas do Ocidente”, rematou sem deixar de antes referir que a UE conta com o apoio da NATO que apela a uma ação “conjunta” nesta matéria.

Sobre a pandemia, só mesmo o secretário geral da NATO que valorizou o papel da instituição durante o último ano. Já António Costa, saiu sem respostas.