A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou esta terça-feira que fechar o único ponto de acesso para fornecer ajuda humanitária no noroeste da Síria teria “consequências desastrosas” para mais de quatro milhões de pessoas na região.

No próximo dia 10, é votada no Conselho de Segurança da ONU a renovação de uma resolução sobre a ajuda transfronteiriça. “Depois de 10 anos de guerra, renovar a resolução do Conselho de Segurança é mais importante do que nunca. A vida de milhões de pessoas, a maioria das quais são mulheres e crianças, depende dela”, disse o coordenador-geral dos MSF na Síria, Faisal Omar, num comunicado.

Em 2019 e 2020, a Rússia e a China vetaram a renovação da resolução transfronteiriça da ONU em relação aos pontos de passagem de ajuda humanitária de Bab al-Salam (na fronteira com a Turquia), Al Yarubiyan (fronteira com o Iraque) e Al-Ramtha (fronteira com a Jordânia). O único que continuou a ser autorizado foi o de Bab al-Hawa, na fronteira turca.

“Neste momento, a passagem fronteiriça de Bab al-Hawa é a única disponível para a ajuda vital à província de Idlib, no noroeste da Síria. Se for fechada a passagem de ajuda humanitária, muitas vidas ficarão em risco. Se for interrompido o fornecimento de medicamentos podemos perder a nossa capacidade de tratar os doentes”, refere no comunicado Abdulrahman M., coordenador dos MSF na zona.

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Teme-se que aquele ponto de passagem também seja encerrado porque a Rússia, aliada do regime sírio, pretende que toda a ajuda seja canalizada através de Damasco, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

Moscovo alega que a distribuição de ajuda a partir da Turquia e gerida pela ONU beneficia grupos “terroristas” naquela zona, que não está sob controlo do governo de Bashar al-Assad.

De acordo com as Nações Unidas, 75% dos mais de quatro milhões de pessoas que vivem no noroeste da Síria dependem de ajuda humanitária e quase 85% recebem apoio graças à operação internacional através da fronteira turca. Cerca de meio milhão de pessoas morreram na guerra na Síria, desencadeada em 2011, segundo um balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.