No actual combate às emissões de dióxido de carbono (CO2) provocadas pelos diferentes meios de transporte, em relação ao qual o transporte rodoviário já teve de lidar com uma pesada factura ao abraçar a mobilidade eléctrica, tudo indica que o transporte aéreo está a seguir. Como os voos comerciais não têm os motores eléctricos como opção, a solução passa por desenvolver combustíveis sustentáveis, os denominados SAF (de sustainable aviation fuel), que sejam mais comedidos no CO2 que emitem.

A indústria aeronáutica anunciou recentemente que necessitaria de alguns anos até desenvolver um SAF eficiente, que não limitasse a potência dos motores dos aparelhos, nem lhes causasse problemas de fiabilidade, e que fosse capaz de ser produzido em grande quantidade e a preços competitivos. Para espanto geral, chegou agora o anúncio da Boeing que, afinal, é possível avançar praticamente de imediato com um sistema de produção de SAF.

A Boeing, fabricante norte-americano de aviões comerciais para passageiros e carga, estava há alguns meses em conversações com a SkyNRG, empresa europeia, bem como com delegação nos EUA, a SkyNRG Americas. O objectivo é implementar um plano de larga escala para produzir SAF e colocar este combustível disponível em todos os aeroportos de ambos os lados do Atlântico, para depois alargar ainda mais a operação.

Do lado europeu, a SkyNRG já tem o projecto em movimento, para a fabricação de SAF, com a Boeing a ter acordado adquirir grandes quantidades de combustível sustentável, sem que tenha revelado que aparelhos e motores serão os primeiros a testar o novo combustível menos poluente.

O raciocínio por detrás do combustível sustentável para avião é similar ao que irá ser utilizado para a Fórmula 1 a partir do próximo ano, sendo produzido a partir de matéria-prima que já absorveu grandes quantidades de carbono durante o seu processo de crescimento, carbono esse que irá regressar à atmosfera quando o combustível for queimado. Em resumo, com o SAF haverá libertação de CO2 durante os voos, mas não carbono novo.

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