Alemanha e Bélgica são os dois países mais devastados pelas cheias severas que atingiram a Europa Central na semana passada e juntos contam pelo menos 196 vítimas mortais e centenas de desaparecidos. Mas e os Países Baixos? No meio destes dois territórios altamente afetados, o país não regista qualquer morte nem cidades totalmente submersas.
Apesar de as chuvas não terem sido tão intensas nos Países Baixos, as autoridades estavam mais bem preparadas e também prontas para comunicar rapidamente com a população. Quem o diz é o chefe do departamento de Água e Risco Climático da Universidade Vrije, em Amesterdão, em declarações à CNN.
Jeroen Aerts explica que os problemas nacionais relacionados com água são administrados por uma rede de órgãos eleitos localmente cuja única função é cuidar precisamente destas questões, das águas residuais até às enchentes. O especialista afirma mesmo esta ser uma gestão “sem igual” relativamente a outros países, já que, além do governo, províncias e cidades, o país beneficia desta “quarta camada”.
Além destes organismos locais, o governo tem um ramo exclusivamente dedicado a esta esfera — a Direção-Geral de Obras Públicas e Gestão da Água. A particularidade dos Países Baixos para terem tido sucesso na luta contra este desastre pode bem residir, portanto, na sua organização.
Como explica a CNN, este país da Europa Central luta contra o mar e os grandes rios há séculos — três grandes rios europeus, Reno, Mosa e Escalda, têm até os seus deltas neste território. Grande parte das suas terras encontram-se mesmo abaixo do nível do mar.
Não é por isso de estranhar que o país tenha investido numa eficiente infraestrutura de gestão de água ao longo do tempo. Constituída por paredes com braços móveis gigantes, dunas costeiras e outras construções mais simples, como diques, faz com que os Países Baixos sejam considerados um dos melhores do mundo neste tipo de instalações.