O grupo de telecomunicações Huawei ficou fora do “top 5” nas vendas de telemóveis na China, no segundo trimestre do ano, pela primeira vez em mais de sete anos, segundo dados divulgados esta quinta-feira pela consultora Canalys.

No total, entre abril e junho, foram vendidos 74,9 milhões de “smartphones” na China, uma queda homóloga de 17%. Entre as cinco marcas com maior quota de mercado estão a Vivo (24%), Oppo (21%), Xiaomi (17%), Apple (10%) e Honor (9%). A Honor pertencia à Huawei, mas foi vendida a um conglomerado público, para evitar as sanções impostas à empresa-mãe pelo governo dos Estados Unidos, no âmbito de uma guerra comercial e tecnológica entre Pequim e Washington.

De acordo com a Canalys, a Honor vendeu 6,9 milhões de telemóveis na China no segundo trimestre, um crescimento de 40%, em relação ao trimestre anterior. A marca que mais cresceu em termos homólogos foi a Xiaomi, com uma subida de 35%, ficando em terceiro lugar, em parte devido ao aproveitamento do espaço deixado pela Huawei. Esta tendência foi também replicada no mercado global de “smartphones” — entre abril e junho, a Xiaomi foi o segundo maior vendedor global.

Novo sistema operativo da Huawei utiliza código do Android

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A analista da Canalys Amber Liu garantiu que as “marcas de ‘smartphones’ estão a competir ferozmente para explorar a queda da Huawei”. O novo campo de batalha será os telemóveis Android de última geração, e o terceiro trimestre de 2021 será uma “janela de oportunidade” para a competição entre as grandes marcas, já que, por enquanto, nenhuma conseguiu igualar a força das séries P e Mate, da Huawei, no país asiático.

Devido às sanções impostas por Washington, a Huawei perdeu o acesso às atualizações para o Android, sistema operativo do Google, que é dominante. A empresa perdeu também acesso a “chips” . A Huawei foi colocada numa “lista negra” de entidades do Departamento do Comércio dos Estados Unidos pela Administração do antigo presidente Donald Trump, impedindo o grupo de adquirir tecnologia norte-americana necessária para telemóveis e infraestruturas de telecomunicações.

Presente em 170 países e com 194 mil funcionários, a Huawei é hoje o primeiro caso de sucesso global da China, estando no centro da rivalidade sino-americana em torno do comércio e tecnologia. A desconfiança sobre a empresa surgiu em parte do passado militar de Ren Zhengfei, filiado no Partido Comunista Chinês, o que serviu para alimentar as suspeitas de uma alegada influência do regime chinês no grupo.