A Huawei apresentou esta quarta-feira a nova versão do HarmonyOS, a 2.0. Este software tem como propósito substituir a versão completa do Android, da Google. A empresa chinesa passou a ser proibida de utilizar esta versão do Android em 2019. Mesmo assim, continua a utilizar parte do código base do sistema. No mesmo evento, a marca aproveitou para revelar produtos que utilizarão este novo software, como um novo smartwatch e um tablet.

Apesar do mote do evento ser a apresentação de um sistema operativo que permitirá à Huawei deixar de estar dependente de software americano — e concorrer diretamente com a Google e a Apple também nesse mercado –, o programa informático apresentado continua a usar tecnologia criada nos EUA. No evento desta quarta-feira, a Huawei não entrou em grandes detalhes quanto a este ponto, tendo apresentado o novo HarmonyOS como um sistema operativo que vai permitir uma interconexão mais fluída entre os produtos da empresa.

O visual do sistema operativo continua semelhante ao que a empresa já utiliza

Ao Observador, a fonte oficial da Huawei esclareceu que “o HarmonyOs usa código do repositório do Android Open Source Project (para o qual a Huawei tem contribuído significativamente ao longo dos últimos anos)”. De acordo com a empresa, esta opção vai ajudar a garantir para “um elevado grau de familiaridade e manter a consistência” aos utilizadores.

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Porém, a Huawei afirma também que o novo HarmonyOS é diferente do Android, porque está preparado para “funcionar numa gama muito mais ampla de dispositivos (incluindo dispositivos inteligentes, eletrodomésticos e outros gadgets)”, e não só com “smartphones e tablets”. “Estamos a entrar numa era em que tudo está conectado e é inteligente”, disse Richard Yu, presidente da Huawei Consumer BG, no início da apresentação.

[No vídeo abaixo pode rever a apresentação desta quarta-feira da Huawei]

Em fevereiro, quando o HarmonyOS 2.0 ainda estava numa fase de testes, o site especializado em tecnologia ARSTechinca revelou que este sistema continuava a utilizar partes do software aberto do Android, apesar da promessa de ser um sistema operativo completamente novo. Nalguns casos, a única diferença estava no nome do programa, em que o nome Android foi substituído por HarmonyOS, mantendo o código disponibilizado livremente pela Google. Independentemente disso, a Huawei afirma que o novo HarmonyOS é mais rápido do que o EMUI, a sua versão de software completamente baseado em Android.

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A empresa revelou que até os seus smartphones mais antigos, como o Mate 9, lançado em 2016, vão receber até ao próximo ano (inclusive), uma atualização para deixarem de ter o sistema Android e passarem a utilizar o HarmonyOS.

A plataforma oficial de aplicações da marca é a AppGallery, da Huawei, e não a Play Store, a loja oficial da Google que está incluída na maioria dos smartphones Android. Esta situação acontece devido a um embargo dos EUA à Huawei por acusações de conluio com o Partido Comunista Chinês. O caso não parece que vá parar tão cedo e a empresa mãe, que incluiu a Huawei, responsável pela venda de componentes para o 5G, e a Huawei Consumer BG, que tem a tutela da venda dos smartphones, continuam a ser acusadas de espionagem, algo que têm negado.

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A Huawei continua a querer competir no mercado de consumo de tecnologia e mostrou as vantagens do sistema operativo multiplataforma que criou. Entre estas vantagens está a interconexão de dispositivos que permite, por exemplo, passar uma imagem de um smartphone com HarmonyOS para um computador da marca, que utiliza o Windows, de forma quase instantânea.

A Huawei mostrou num evento como é que uma smartphone com HarmonyOS, apenas pelo toque, pode trocar informação com outros aparelhos que utilizem o mesmo software

Apesar de não ter apresentado novos smartphones que utilizem este sistema operativo, a Huawei divulgou outros gadgets que vão usufruir deste software. “Com o HarmonyOS os eletrodomésticos não são só máquinas, são capazes de fornecer serviços”, disse um responsável da empresa na apresentação. Com um simples toque de um smartphone com o sistema operativo da Huawei noutro eletrodoméstico compatível, a empresa mostrou como, por exemplo, um frigorífico partilha informação automaticamente com um telemóvel.

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O P50 continua sem data de lançamento, mas a Huawei revelou uma imagem da parte traseira do smartphone

Após apresentar a nova versão do Harmony OS, a Huawei revelou alguns produtos que vão utilizar este software e vão ser lançados brevemente, começando com um smartwatch, o Huawei Watch 3, e acabando a revelar uma imagem do Huawei P50.

O Huawei Watch 3 é um dos dispositivos que vai usufruir da nova versão de software da marca chinesa

O Huawei Watch 3 vai funcionar também “como um aparelho independente”. O dispositivo tem a tecnologia eSIM embutida que permitirá que, nos países em que estiver disponível, possa ser utilizado para fazer chamadas ou reproduzir músicas de plataformas online sem estar ligado a um telemóvel.

O Huawei MatePad Pro é o primeiro tablet da empresa que vai ser lançado com a última versão do novo sistema operativo da marca

A empresa chinesa divulgou também um novo tablet bastante semelhante em design aos concorrentes da Apple, iPad Air e iPad Pro. O Huawei MatePad Pro vai utilizar o Harmony OS e é uma nova versão do modelo com o mesmo nome revelado em 2019. À semelhança da versão anterior, este dispositivo da Huawei permite usar uma caneta digital para se escrever no ecrã. “Um tablet tão podereso como um PC”, diz a marca, afirmando que pode ser utilizado para fazer “renderização de imagens em 3D”.

O Huawei MatePad Pro tem um câmara traseira que utiliza a tecnologia de fotografia da empresa

A empresa apresentou ainda um ecrã de secretária de 28,2 polegadas, o Huawei MateView. Além disso, a marca divulgou ainda outro ecrã, o MateViewGT, focado para quem gosta de videojogos. Por fim, a empresa chinesa divulgou também uma nova versão dos seus auriculares sem fios, os Freedbuds 4 e ainda deixar uma imagem do Huawei P50, aquele que será o próximo smartphone topo de gama da marca.

O MateView conecta-se a ecrãs de telemóveis até de tecnologia sem fios