Quinze cães foram mortos a tiro na região de Bourke Shire, na Austrália, por causa de uma interpretação que o governo local fez das medidas restritivas para combater a Covid-19. O caso ocorreu em Nova Gales do Sul na semana passada e os responsáveis já se justificaram perante o abate dos animais, dez dos quais eram bebés.

Os animais encontravam-se sob custódia da autarquia enquanto aguardavam o realojamento num abrigo para animais. No entanto, o governo local entendeu que deviam ser mortos para evitar que os voluntários do abrigo viajassem para resgatar os cães, tudo para proteger os funcionários do governo local e a comunidade de Bourke dos riscos de transmissão do novo coronavírus.

Isto quando o abrigo referido se situa em Cobar e esta cidade não registou recentemente qualquer caso de Covid-19 com origem local. Já na região rural de Bourke há apenas atualmente sete casos ativos da doença.

A par das garantias de que os funcionários tentaram outras opções sem sucesso, a administração local justifica “a decisão de eutanasiar os cães” com a recomendação de “impedir que pessoas de outras comunidades entrem em Bourke tendo em conta o nível de vulnerabilidade da comunidade” relativamente à Covid-19.

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No entanto, os governos locais tinham sido encorajados a manter os abrigos funcionais e abertos ao público, cumprindo as regras sanitárias. As administrações locais foram mesmo incentivadas a continuar a trabalhar com as organizações de adoção e os voluntários — estes autorizados a trabalhar em regiões em isolamento — para garantirem os cuidados aos animais.

Em comunicado, citado esta segunda-feira pelo jornal australiano The Sydney Morning Herald, a administração local justifica ainda decisão com o facto de os recintos onde os animais se encontravam estarem no seu limite de ocupação. Além disso, dois cães terão sido agressivos com a equipa e o abrigo habitual estaria indisponível.

O gabinete que assume a fiscalização das ações de Bourke Shire adiantou que estava a examinar as circunstâncias do incidente para averiguar se as leis de animais de estimação e de prevenção de crueldade foram violadas.

O caso está agora a ser investigado pela RSPCA, uma instituição de solidariedade independente que fornece serviços de bem-estar animal em toda a Austrália. O governo local não respondeu às perguntas sobre o motivo de o método de eutanásia ter sido uma arma de fogo. Ainda segundo o jornal australiano, um membro do abrigo que deveria receber os cães (Rural Outback Respite) não quis comentar o sucedido.