O antigo ditador do Chade Hissene Habre morreu esta terça-feira, aos 79 anos, vítima de Covid-19. De acordo com a agência Reuters, a sua morte, num hospital em Dakar, capital do Senegal, foi confirmada pelo ministro da Justiça senegalês.

Habre tomou o poder do Chade em 1982, mas fugiu para o Senegal em 1990 após lhe ser retirado o cargo de Presidente. Lá, foi detido em 2013 e, passados três anos, foi condenado a prisão perpétua, tornando-se o primeiro ex-chefe de Estado a ser condenado por crimes contra a humanidade por um tribunal africano, após o seu governo ser acusado de matar dezenas de milhares de pessoas.

O seu julgamento foi também o primeiro em que a justiça de um país processou o ex-Presidente de outro por crimes contra a humanidade.

O Tribunal Extraordinário Africano foi criado pela União Africana e pelo Senegal para julgar Habre pelos crimes cometidos durante a sua presidência. A sentença começou a ser cumprida numa penitenciária em Dakar. A 14 de agosto deste ano, Habre foi para transportado da cadeia para uma clínica por razões médicas, onde apanhou Covid-19 — a situação piorou e foi levado para o Hospital Principal, onde acabou por morrer, tendo cumprido cerca de cinco anos da sentença.

Pelo menos 40.000 pessoas foram mortas durante a administração de Habré (entre 1982 e 1990), marcada pela repressão feroz de opositores e por ataques a grupos étnicos rivais. Testemunhas relataram o horror vivido nas prisões do Chade, descrevendo pormenorizadamente as punições impostas pela temida polícia secreta do ditador.

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