Os sindicatos dos bancários reúnem-se esta quinta-feira com a administração do Santander Totta a propósito da intenção do banco de avançar com despedimento coletivo e deverão anunciar a data da greve dos bancários.

Se na reunião o Santander confirmar o despedimento coletivo, os sindicatos deverão alargar ao Santander Totta a greve, que para já foi convocada para o BCP (que a semana passada anunciou a intenção de despedir 62 funcionários).

De qualquer modo, os sindicatos deverão anunciar esta quinta-feira a data da greve já decidida, que deverá ser no final deste mês.

A reunião está marcada para meio da tarde entre a administração do Santander, presidida por Pedro Castro e Almeida, e Mais Sindicato, SBN – Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro, Sindicato dos Bancários do Centro (afetos à UGT), Sintaf (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca (independentes).

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Esta quinta-feira, foi conhecido que vários líderes sindicais internacionais corresponderam a um apelo da central sindical UGT e enviaram uma carta à presidente executiva do Grupo Santander em Madrid, a pedir-lhe que discuta com os sindicatos portugueses uma solução que evite os despedimentos anunciados.

“Instamo-la a encetar um verdadeiro diálogo com os sindicatos portugueses em questão e a continuar a procura de uma solução oportuna e mutuamente negociável no respeito pelos direitos dos trabalhadores, protegendo os seus empregos e condições de trabalho”, referia a carta enviada a Ana Botín-Sanz.

O apelo foi feito pelos secretários-gerais da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), da Confederação Sindical Internacional (CSI), da Federação Sindical Global (UNI) e da sua organização europeia, que representam sindicatos dos serviços, nomeadamente da banca.

Os sindicalistas internacionais referem que, no último ano, os trabalhadores do Santander em Portugal foram sujeitos a ameaças e pressões para aceitarem a rescisão dos seus contratos de trabalho e estão agora confrontados com os procedimentos para um despedimento coletivo, uma situação que consideram que “mina os princípios básicos do diálogo social e deixa em risco de desemprego centenas de trabalhadores durante tempos de precariedade”.

Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores este ano (depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020), sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’, envolvendo inclusivamente despedimentos coletivos.

O Santander Totta pretende a saída de 685 trabalhadores. Fonte oficial do banco disse na semana passada à Lusa que já foi acordada a saída com mais de 400 trabalhadores (reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo). Havia 230 funcionários com os quais não tinha chegado a acordo, pelo que poderão ser abrangidos por despedimento, mas o número não é definitivo pois o processo não está fechado.

Já o BCP anunciou na semana passada que vai fazer um despedimento coletivo de 62 trabalhadores, segundo uma mensagem do presidente executivo aos funcionários do banco, a que a Lusa teve acesso.

Quanto a outras saídas, o banco chegou a acordo com cerca 700 trabalhadores para saírem por rescisão por mútuo acordo, reforma antecipada e pré-reforma.

Na sequência do anúncio do BCP do despedimento coletivo, os sindicatos dos bancários convocaram greve, mas a data da paralisação só será conhecida após a reunião com o Santander Totta, que será hoje. A greve abrangerá, além do BCP, o Santander Totta se este não recuar na intenção de despedimento coletivo.

Os sindicatos têm acusado os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os estão a forçar a aceitar sair por rescisões (sem acesso a subsídio de desemprego) ou por reformas antecipadas. Isto ao mesmo tempo que os bancos têm elevados lucros, acrescentam.

O BCP teve lucros de 12,3 milhões de euros no primeiro semestre (menos 84% do que no mesmo período de 2020) e o Santander Totta 81,4 milhões de euros (menos 52,9%).

Os sindicatos também se têm reunido com o poder político, nomeadamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, grupos parlamentares e governantes, para pedir a sua intervenção contra os despedimentos.