Perante 20 mil pessoas no Arthur Ashe Stadium, Stefanos Tsitsipas, tenista grego número 3 do ranking mundial, foi derrotado de forma surpreendente na terceira ronda pelo “miúdo” de 18 anos Carlos Alcaraz, atleta espanhol que fez furor no US Open. Um dos candidatos à vitória, ou pelo menos a chegar longe no torneio, muito mais longe do que o que conseguiu, teve de dar a mão à palmatória perante o partidazo de Alcaraz. Mas se aí essa prestação de Tsitsipas ficou marcada apenas pela parte física, houve outra outra, anterior, que foi, no mínimo, bem mais polémica. É que ainda antes do Grand Slam norte-americano, no Open de Cincinnati, o popular desportista grego — atualmente talvez apenas Giannis lhe “ganhe” — afirmou que não ia ser vacinado contra a Covid-19.

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“Não sou contra as vacinas, mas não vejo razões para alguém da minha idade ser vacinado. Ainda não foi testada o suficiente e tem efeitos secundários. Enquanto não for obrigatório, cada um decide por si”, afirmou o tenista de 23 anos. A opinião não é assim tão díspar da restante comunidade de tenistas, visto haver uma grande divisão em relação ao assunto vacinação, com o próprio Novak Djokovic a escapulir-se às perguntas sobre o assunto, dizendo apenas no início do ano que não queria que a vacina fosse obrigatória para competir.

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Mas, voltando a Tsitsipas, este foi criticado até pelo governo do seu país. “Ele [Tsitsipas] não tem o conhecimento e os estudos para avaliar a necessidade da vacinação. É apenas um grande atleta e a sua habilidade desportiva e contribuição para o desporto na Grécia é inquestionável”, disse o porta-voz do governo grego Giannis Oikonomou, que alertou ainda para as opiniões de figuras públicas como Tsitsipas, aconselhando os cidadãos a ouvirem para os especialistas em saúde. “Os que são excelentes noutras atividades também são referencia para grandes grupos sociais. Seria bom que que pensassem duas vezes antes de expressar este tipo de opiniões”, acrescentou.

Agora, no entanto, em declarações à grega Antenna TV, o tenista afirmou ter mudado de opinião, esclarecendo que, apesar de ter participado numa campanha para alertar para a necessidade de confinamento, não apoiava necessariamente a vacinação: “Pessoalmente não promovi a vacinação, mas não era contra a vacinação e apoio quem queira ser vacinado. Não sou médico, sou jogador de ténis e a minha opinião não é a melhor em termos médicos. Se me perguntarem sobre ténis, sou melhor nisso. Mas acontecerá este ano [ser vacinado] para poder ir a lojas ou restaurantes”. Sobre a vida com o coronavírus, Tsistsipas diz que se mostrou afetado porque no início da quarentena sentiu “que a vida não tinha sentido, visto ter muitos objetivos” para alcançar na época que então decorria. Agora, quer ter uma “vida normal”.

Ao contrário de, por exemplo, Djokovic, Rafa Nadal e Roger Federer sempre fizeram campanha para a vacinação e Andy Murray também foi claro: “Quem levar a vacina vai ter condições muito diferentes dos que não levarem. Vai haver um aceso debate”.