Os ministros da União Europeia (UE) decidiram, esta terça-feira, manter uma “presença mínima” em Cabul, dependente da situação de segurança, para facilitar a mobilização de ajuda humanitária, mas rejeitaram conferir “qualquer legitimidade” ao novo governo afegão liderado pelos talibã.
Numa reunião presencial realizada esta terça-feira em Bruxelas, os ministros dos Assuntos Europeus da União aprovaram “conclusões sobre o Afeganistão em que sublinham o empenho da UE na paz e estabilidade no país e no apoio ao povo afegão”, informa o Conselho em comunicado.
Em concreto, ficou assente que “o envolvimento operacional da UE e dos seus Estados-membros será cuidadosamente calibrado em função da política e ações do gabinete de gestão nomeado pelos talibã, não lhe conferirá qualquer legitimidade e será avaliado em relação aos cinco pontos de referência”, de acordo com a nota.
“Neste contexto, os direitos das mulheres e raparigas são motivo de especial preocupação”, acrescenta a estrutura que reúne os países da UE.
Portugal e UE continuam focados na retirada de europeus do Afeganistão e apoio humanitário
Os ministros decidiram, também, manter “uma presença mínima da UE no terreno em Cabul, dependente da situação de segurança”, para assim facilitar “a entrega de ajuda humanitária e o acompanhamento da situação humanitária”, bem como para “coordenar e apoiar a partida segura e ordenada de todos os estrangeiros e afegãos que desejem deixar o país”.
A UE reconhece que a situação no Afeganistão é um grande desafio para a comunidade internacional como um todo e salienta a necessidade de uma forte coordenação no envolvimento com parceiros internacionais relevantes, nomeadamente as Nações Unidas”, conclui o Conselho.
Após quase duas décadas de presença de forças militares norte-americanas e da NATO, os talibãs tomaram o poder em Cabul a 15 de agosto, culminando uma rápida ofensiva que os levou a controlar as capitais de 33 das 34 províncias afegãs em apenas 10 dias.
Talibãs nomeiam resto do Governo, sem nenhuma mulher como ministra
Desde então, os combatentes islamitas radicais asseguraram em várias ocasiões a intenção de formar um Governo islâmico “inclusivo”, que representasse todas as tribos e etnias do Afeganistão, mas em 7 de setembro anunciaram um governo totalmente masculino, só com ministros talibãs, incluindo veteranos da sua linha dura, que governou o país entre 1996 e 2001, e da luta de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.