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Cotrim descola na TAP: Pedro Nuno "não faz ideia do que está a fazer" e Costa "deve pedido de desculpa aos portugueses"

Este artigo tem mais de 2 anos

Numa visita ao aeroporto de Lisboa, o candidato da Iniciativa Liberal descolou de PSD e CDS para reivindicar a ideia de privatizar a TAP: “IL foi o o único partido que desde o princípio a defendeu”.

Cotrim Figueiredo visitou esta quarta-feira o Aeroporto Humberto Delgado
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Cotrim Figueiredo visitou esta quarta-feira o Aeroporto Humberto Delgado

JOÃO RELVAS/LUSA

Cotrim Figueiredo visitou esta quarta-feira o Aeroporto Humberto Delgado

JOÃO RELVAS/LUSA

A bandeira da defesa da privatização da TAP é da Iniciativa Liberal — pelo menos foi essa a mensagem que o presidente e candidato do partido, João Cotrim Figueiredo, quis passar esta quarta-feira no aeroporto de Lisboa, onde esteve em campanha.

Em declarações aos jornalistas, Cotrim Figueiredo defendeu que a IL “tem sido o único partido que desde o princípio se opôs à injeção de dinheiro dos contribuintes na companhia”. E lembrou a proposta nesse sentido apresentada em janeiro de 2020, que mereceu oposição de esquerda e Chega e abstenção de PSD e CDS. “Se tivesse sido aprovada, os prejuízos e dificuldades que a empresa está a passar não recaíam sobre os contribuintes”.

Cotrim pediu ainda que “qualquer euro que seja investido na TAP” seja alvo de “escrutínio do Parlamento” e defendeu que “a privatização seja preparada de imediato, obviamente de uma forma responsável para não pôr em causa o dinheiro dos contribuintes mas de imediato e o mais rapidamente possível”. Deixa ainda o desejo de que “o processo de nacionalização, ocorrido desde abril de 2020, seja sujeito a uma auditoria do Tribunal de Contas”.

De seguida, o candidato da IL voltou a criticar os 3.200 milhões de euros de apoios públicos à companhia aérea: “É absolutamente inaceitável que a TAP receba este montante de apoios, é desproporcionado ao estado da economia portuguesa e é desproporcionado em relação a todas as outras empresas que precisaram de apoio durante a pandemia”.

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O que está investido na TAP já é cerca de metade do que foi dado a todas as empresas que se candidataram ao lay-off simplificado em 2020. O que vai acabar por ser investido na TAP, acreditando nos 3,2 mil milhões, é suficiente para cobrir cerca de 60% de toda a coleta do IRC em Portugal — ou seja, 60% do que é cobrado em impostos a todas as empresas acaba investido numa única empresa”, apontou o candidato liberal.

Para Cotrim, o argumento da contribuição da TAP para a coesão territorial “não é verdade” — aludiu à pouca presença da companhia nos aeroportos do Porto e de Faro — e “se o argumento é ter um instrumento de soberania que possa acudir a portugueses um pouco por todo o lado, isso não tem funcionado. Houve muitos portugueses que ficaram impedidos de voltar a Portugal durante a pandemia e não foi a TAP que os foi buscar, em alguns casos temos sempre a nossa Força Aérea para o fazer”.

Cotrim Figueiredo a falar com um apoiante, que tinha acabado de chegar a Lisboa vindo de Budapeste

JOÃO RELVAS/LUSA

Ministro Pedro Nuno Santos “não faz ideia do que está a fazer”, diz Cotrim

Ainda no Aeroporto Humberto Delgado, esta quarta-feira, o candidato da Iniciativa Liberal criticou a gestão do dossiê TAP pelo ministro Pedro Nuno Santos: “Atira-se com enorme confiança, batendo no peito, mas não faz ideia do que está a fazer“.

Questionado depois sobre os argumentos do ministro, que tem lembrado que a TAP não recebeu apoios públicos nos 20 anos anteriores à pandemia e que se trata de uma das mais exportadoras empresas portuguesas, Cotrim respondeu: “O argumento sobre o impacto na balança de pagamentos, ou até no PIB como já vi referido, teria chumbado em qualquer primeiro ano de um curso de economia. O que conta para a balança de pagamentos é a diferença entre o que se vende ao exterior e o que se compra ao exterior. E se é verdade que a TAP era um dos maiores exportadores portugueses [até à pandemia], também é verdade que era um dos maiores importadores portugueses“.

O contributo da companhia aérea para a produção nacional nunca foi de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, disse ainda Cotrim: “Era 1% do PIB [antes da pandemia]. Hoje pesa menos de 0,5% do PIB. Mas mesmo que pesasse mais e o objetivo fosse preservar essa fatia do PIB, isso não pode ser feito à custa de uma desproporção brutal face ao que as outras empresas todas recebem de apoios”.

Neeleman entra na campanha. Mas desculpas devem ir para “os portugueses”

O candidato da IL respondeu ainda a uma pergunta relativa ao pedido de desculpas que David Neeleman exigiu a António Costa. Deve o primeiro-ministro pedir desculpa ao antigo acionista da TAP por ter dito que as empresas do empresário faliram em 2020, quando não faliram? “Acho que António Costa deve um pedido de desculpa aos portugueses porque tem usado e abusado das incorreções e mentiras nesta campanha”.

Relativamente ao caso concreto, é apenas mais um dos variadíssimos casos em que em debate e em declarações tem fugido à verdade. Acho que não abona nada à campanha do PS e de António Costa”, afirmou Cotrim.

O presidente da IL voltou a visar o primeiro-ministro: “Houve uma organização de fact-checking [Polígrafo] que fez uma lista de todas as correções e falsidades que foram ditas durante os debates e António Costa está na triste situação de estar a competir pelo primeiro lugar com André Ventura. Está tudo dito”.

Fact Check. Empresas de antigo acionista da TAP David Neeleman faliram em 2020, como defendeu António Costa?

TAP “só deu resultados positivos em dois anos”. Não havendo comprador, “insolvência”

No aeroporto de Lisboa, o candidato da Iniciativa Liberal quis também vincar que “a TAP em 75 anos de atividade e certamente desde o 25 de abril, só deu resultados positivos durante dois anos”.

A aviação comercial é um negócio altamente arriscado, não é um negócio para o Estado estar — tanto que praticamente já não há companhias de bandeira em toda a Europa”, disse ainda.

Se não houver comprador para uma privatização, deveria acontecer à TAP o que acontece “com outras empresas que precisam de ser reestruturadas e não têm investidor externo: entra em processo de insolvência”, diz Cotrim. Nesse caso, “atualizar-se-ão os ativos da melhor maneira. E há ativos importantes na TAP, não só a sua frota mas as suas slots de partida e aterragem. E certamente os trabalhadores e ativos intangíveis na TAP terão valor noutro contexto”.

O que o país não pode fazer é “salvar todas as empresas, públicas e privadas, sempre que há um problema em que se argumenta que há um interesse estratégico — que na verdade não há”, apontou ainda Cotrim.

O candidato visitou o aeroporto de Lisboa para criticar os apoios públicos à TAP

JOÃO RELVAS/LUSA

O candidato da Iniciativa Liberal admitiu que o que o Governo italiano fez com a italiana Alitalia — que fechou e deu lugar a uma companhia aérea de muito menor dimensão e custos — “é uma solução possível no caso de não aparecer comprador”. E quis vincar:

Todos os outros países que apoiaram as suas companhias aéreas apoiaram numa medida muito inferior à TAP. Está sempre a ser dado o exemplo da Lufthansa mas é bom pôr isso em perspetiva: recebeu 9 mil milhões de euros mas se compararmos com a população e o PIB da Alemanha, o investimento que o Estado português está a fazer é seis ou sete vezes superior. Com uma agravante: a Lufthansa já devolveu mais de metade do dinheiro que recebeu do Estado, já está a desonerar os contribuintes alemães”, referiu ainda Cotrim.

Em caso de necessidade de intervir na companhia e conceder apoios públicos, o Estado “tinha de ter tido logo uma estratégia de saída”, defendeu ainda Cotrim, acrescentando: “Não podia era entrar numa aventura destas sem noção”.

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