Os planos iniciais da invasão russa à Ucrânia, que deveria resultar na tomada de Kiev e na troca do atual governo por um executivo favorável a Moscovo, foi uma missão falhada para o lado russo.

O fracasso desta ofensiva, contudo, não foi apenas consequência da forte resistência ucraniana, mas sim de um plano de contraespionagem que parece sair de um filme do James Bond.

Segundo explicou ao El Mundo Sergey Markov, ex assessor de Vladimir Putin, foi montada, antes da invasão, uma operação dos serviços secretos da Ucrânia que, ao invés de expor os agentes do FSB (serviço de informações russo sucessor do KGB), optou por transmitir aos espiões russo informação falsa.

Segundo Markov, foi com esta informação, que revelava que “a Ucrânia não se defenderia em caso de invasão russa ou que o faria de uma maneira muito insuficiente”, que Moscovo preparou o ataque. Inicialmente, o Kremlin planeava tomar Kiev em três dias com cerca de 40% das tropas alocadas nos então famosos “exercícios militares” que Moscovo estaria a desenvolver na fronteira com a Ucrânia.

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A ideia principal por trás do plano ucraniano era que o Kremlin, influenciado pela informação incorreta transmitida aos seus agentes, fosse levado a crer que as tropas da Ucrânia se comportariam da mesma maneira que em 2014, aquando da ocupação da Crimeia.

Segundo avança o jornal espanhol, o Presidente Volodymyr Zelensky mostrou-se cético sobre um eventual ataque russo, até Joe Biden ter enviado ao líder ucraniano planos detalhados da operação militar prevista por Moscovo. Os planos da invasão, avança o periódico, terão sido recolhidos pela melhor fonte dos EUA em Moscovo.

As informação permitiram aos ucranianos estarem preparados para a tentativa dos soldados russos de tomar o aeroporto de Hostomel, perto de Kiev, que serviria de ponto de desembarque aéreo num local mais próximo da capital ucraniana. Desta forma, vários helicópteros russos foram abatidos e os que conseguiram aterrar no aeroporto foram derrotados na pista de Hostomel.