A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, confirmou esta quarta-feira no Parlamento Europeu que “irá haver uma proibição total a todo o petróleo russo”, seja transportado por navio ou por oleoduto, seja crude ou produtos refinados.

A proibição tem um período transitório de seis meses, no caso do crude, e até ao fim de 2022 no caso dos produtos refinados. A aplicação deste embargo “não será fácil”, reconheceu a responsável, mas “simplesmente temos de trabalhar nisso”, para “maximizar a pressão sobre a Rússia ao mesmo tempo que minimizamos o impacto nas nossas economias”.

A responsável adiantou, também, que este novo pacote de sanções inclui excluir o maior banco russo, o Sberbank, entre outros, do sistema SWIFT. E as três maiores emissoras televisivas (públicas) da Rússia vão ser banidas na Europa, já que estas “servem para amplificar as mentiras e a propaganda de Putin”.

Além destas medidas, o sexto pacote de sanções a anunciar esta quarta-feira inclui uma proposta para identificar os responsáveis militares russos que terão liderado os “crimes de guerra” em Bucha e, também, o cerco a Mariupol.

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“Nós sabemos quem vocês são. E serão responsabilizados”, atirou a presidente da Comissão Europeia, dirigindo-se às chefias militares envolvidas nas execuções de civis em Bucha e na pressão sobre Mariupol e, em especial, a fábrica da Azovstal onde sabiam estar civis cercados.

E porquê não avançar para um embargo imediato ao petróleo russo? E porque não banir também as importações de gás natural? Ursula von der Leyen resume tudo numa frase: “Para ajudarmos a Ucrânia, as nossas economias têm de continuar fortes“.

A presidente da Comissão Europeia reconheceu que a aplicação deste embargo “não será fácil” mas “simplesmente temos de trabalhar nisso”, para “maximizar a pressão sobre a Rússia ao mesmo tempo que minimizamos o impacto nas nossas economias”.

O plano terá, agora, de ser assinado pelos 27 estados-membros mas alguns países, como a Eslováquia e a Hungria, já indicaram que vão exigir um período transitório mais longo.

Sanções? Europa vai acabar por comprar petróleo russo através de países terceiros, “mais caro”

E como reage o Kremlin ao embargo (faseado) anunciado esta quarta-feira pela Comissão Europeia – ainda não ratificado pelos 27 líderes europeus? Moscovo diz acreditar que, com estas sanções, a Europa vai acabar por comprar petróleo russo através de países terceiros.

“Eles dizem que não vão comprar-nos petróleo. Então não comprem, não vamos obrigar-vos a comprar nada”, comentou Vladimir Dzhabarov, um responsável do Kremlin citado pela agência russa RIA.

Dzhabarov continuou: “Mesmo com as sanções, vocês vão continuar a comprar petróleo russo, mas através de países terceiros. Ou seja, será petróleo nosso na mesma, mas vai ser mais caro”.

Os líderes europeus “enlouqueceram um pouco”, rematou, comentando o novo pacote de sanções que foi anunciado.

UE (também) admite lançar sanções contra líder da Igreja Ortodoxa russa

A União Europeia admite lançar sanções contra o líder da Igreja Ortodoxa russa, Vladimir Gundyayev, também conhecido como o Patriarca Cirilo de Moscovo e de Toda a Rússia.

Apoiante entusiástico da invasão russa da Ucrânia, Gundyayev poderá ser incluído nas sanções individuais que a UE aplicou a várias figuras da oligarquia russa, incluindo responsáveis militares, segundo a Agence France Presse (AFP).

E o sexto pacote de sanções à Rússia também deverá impedir que cidadãos russos possam comprar imobiliário na Europa, segundo a Bloomberg.

A agência financeira cita a documentação legal preparada pela Comissão Europeia, a que terá tido acesso. Se os líderes dos 27 países europeus aprovarem o novo pacote de sanções, nos termos propostos por Bruxelas, ficará vedada a compra e a venda de ativos imobiliários por parte de russos.

Em rigor, fica proibida a transferência de “direitos de propriedade em ativos imóveis dentro do território da União Europeia, bem como em unidades de participação em investimentos coletivos que confiram exposição a ativos imobiliários”.

Uma ressalva importante: de acordo com os documentos legais, a proibição aplica-se aos cidadãos russos que não são também cidadãos da UE nem têm visto de residência na união. Não se aplica a quem tem dupla cidadania (russa e de algum país europeu) nem a quem tem autorização de residência na Área Económica Europeia nem na Suíça.