O serviço de urgências de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, esteve na terça-feira durante 18 horas sem receber pacientes em ambulâncias de emergência, numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde atravessa um momento de crise devido à falta de profissionais daquela especialidade, que já obrigou ao encerramento temporário de várias urgências obstétricas em diferentes pontos do país.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Jornal de Notícias, que avança a informação, o serviço informou o INEM de que tinha atingido a lotação máxima por volta da meia-noite de terça-feira e só ao final do dia, por volta das 18h30, esse aviso foi revertido.

No entanto, ao longo do dia, as urgências de obstetrícia do Santa Maria tiveram vagas para acolher situações de emergência, acrescenta o JN, citando uma fonte oficial do centro hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), que inclui aquele hospital universitário — o que parece indicar que não havia necessidade de encerrar a urgência ao INEM, diz o mesmo jornal.

Na quarta-feira da semana passada, uma mulher grávida perdeu o bebé no hospital das Caldas da Rainha, numa noite em que o serviço de urgência obstétrica daquele hospital se encontrava fechado por falta de médicos. O atraso no socorro à mulher terá ditado o desfecho fatal para o bebé e o caso está agora a ser investigado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.

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Grávida perde bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha

Na sequência do caso, a Ordem dos Médicos afirmou que estes casos podem vir a repetir-se, uma vez que por todo o país há urgências a encerrar durante alguns períodos devido à falta de profissionais, que impossibilita o preenchimento das escalas.

Ao longo dos últimos dias, têm sido notícia situações de encerramento de urgências de ginecologia e obstetrícia em vários pontos do país, incluindo Braga, Lisboa, Barreiro e Almada — e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo veio reconhecer o problema na região de Lisboa.

A situação de caos nas urgências levou a ministra da Saúde, Marta Temido, a desdobrar-se num conjunto de reuniões de emergência com o setor da saúde e a anunciar, na segunda-feira, um plano de contingência de curto prazo para os meses do verão. Este plano inclui “um funcionamento mais articulado e antecipado e organizado das urgências em rede do Serviço Nacional de Saúde”.

O anúncio do plano de contingência, na tarde de segunda-feira, não impediu o encerramento temporário ao INEM das urgências de obstetrícia do Santa Maria durante o dia de terça-feira. Segundo o JN, este encerramento causou graves constrangimentos à situação em toda a região de Lisboa e Vale do Tejo, uma vez que o Hospital de Santa Maria era um dos principais locais para onde seriam encaminhadas de ambulância as grávidas que não pudessem ser atendidas noutros hospitais da região.